Sangramento ou degola? Oposição disputa o comando do Estado Islâmico
FHC e Aloysio Nunes (PSDB-SP) querem ver Dilma sangrar, enquanto Beto Richa (PSDB-PR), José Serra (PSDB-SP) e Ronaldo Caiado (DEM-GO) preferem a degola. Aécio Neves (PSDB-MG), por sua vez, fala em "descalabro moral". Exceções ao fundamentalismo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e Marconi Perillo (PSDB-GO) defendem manutenção da ordem democrática
Afinal, quem é o Jihadista John, que, no domingo, Dia Internacional da Mulher, ameaçava cortar a cabeça da presidente Dilma Rousseff, na capa do jornal O Globo?
Para o jornalista Fernando Brito, não resta dúvida. Trata-se do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que parece ser o líder incontestável da oposição brasileira.
No entanto, em encontro realizado nesta segunda-feira em São Paulo, o ex-presidente adotou uma posição mais branda. “Não adianta nada tirar a presidente”, disse ele.
Ou seja: ao que tudo indica, FHC passou a defender a tese do sangramento lento e gradual da presidente – um caminho que foi defendido pelo pit bull da legenda, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP). “Não quero que ela saia, quero sangrar a Dilma, não quero que o Brasil seja presidido pelo Michel Temer”, afirmou Aloysio.
Em favor da degola, dois tucanos se posicionaram: o senador José Serra (PSDB-SP) e o governador Beto Richa, do Paraná.
“O governo está tão fraco que dá margem a que gente reivindique o impeachment”, disse Serra, em entrevista ao jornal El Pais. Richa afirmou que, “devido à crise moral” vivida atualmente pelo Brasil, “é possível” um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff. Detalhe: recentemente, milhares de paranaenses foram às ruas quando descobriram que Richa pretendia usar recursos do fundo de previdência para pagar salários.
O presidente nacional do partido, Aécio Neves (PSDB-MG), não tem falado em impeachment, nem em sangramento – apenas em “descalabro moral”, muito embora seu caso na Lava Jato, sobre desvios em Furnas, ainda possa ser reaberto. A honrosa exceção, no PSDB, deve ser feita aos governadores Geraldo Alckmin, de São Paulo, e Marconi Perillo, de Goiás, que já se pronunciaram diversas vezes em defesa da legalidade e da manutenção da ordem democrática.
Do estado governado por Perillo, veio também mais uma adesão ao golpe: do senador Ronaldo Caiado (DEM/GO), que rejeitou a tese do ‘sangramento’ da presidente Dilma Rousseff. “Quero a cura”, disse Caiado, que, recentemente, saiu em defesa do senador Agripino Maia (DEM/RN), acusado pela procuradoria-geral da República de receber propinas de R$ 1,1 milhão no Rio Grande do Norte.
Como diria Millôr Fernandes, o problema do Brasil não está no moralismo, mas nos nossos moralistas.
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