Redação Pragmatismo
América Latina 13/Mar/2015 às 16:28 COMENTÁRIOS
América Latina

Venezuela, um panorama

Publicado em 13 Mar, 2015 às 16h28

Um processo de profundas transformações sociais está em curso na Venezuela. Ele teve início com a posse do irreverente presidente Hugo Chávez e continua com o atual mandatário Nicolás Maduro

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Pablo Rios, Pragmatismo Político

Um processo de profundas transformações sociais está em curso na Venezuela. Ele teve início com a posse do irreverente presidente Hugo Chávez, que na década de noventa conseguiu, através das eleições, tirar do poder uma oligarquia sustentada pelo petróleo. De lá pra cá, os problemas sociais tão comuns aos países da América Latina foram enfrentados sistematicamente. Desde que passou a utilizar a receita do petróleo em investimentos sociais, o país apresenta melhoras significativas, como, entre outras, a erradicação do analfabetismo e a redução da pobreza em mais de 50% da sua população.

Alterar a lógica da distribuição das benesses do petróleo significa mexer com interesses geopolíticos. Desta forma, o pequeno país (grande nação) sul americano é alvo de permanente campanha de desestabilização. Todas as vias são utilizadas para esse fim, mas a mídia internacional, principalmente, é o artifício que até agora tem se mostrado mais eficaz quando o assunto é a transmissão de opiniões equivocadas a respeito da Venezuela.

Hora ou outra aparece alguém com o dedo em riste, brandindo a voz, – seja jornalista, comentarista ou mesmo políticos – “alertando as pessoas de bem” sobre os perigos do regime vigente. Alardeiam sobre a liberdade de expressão, quando os principais meios de comunicação estão concentrados nas mãos da iniciativa privada, desde os principais e maiores jornais diários, passando pela radiofusão, até chegar às cadeias televisivas. Em grande maioria com linhas editoriais e de atuação, francamente oposicionistas.

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A deturpação consegue ser ainda maior (pasmem) ao analisarmos o que espalham quando o assunto é o regime político. Enchem os pulmões e gritam; enchem folhas de jornais, espaços na TV; para alimentar a ilusão de que o povo venezuelano vive sob uma ditadura. Ora, uma ditadura que já venceu quatro eleições presidenciais, realizou mais de vinte consultas à população, entre plebiscitos e referendos; e que conseguiu alavancar, como pouco visto no continente, o processo de democracia participativa, através da efetivação dos conselhos populares e outras medidas de participação.

Essa campanha de desestabilização ganha contornos de crueldade. Apesar dos diversos avanços sociais, os muitos anos de concentração da receita do petróleo nas mãos de uma minoria, deixaram sérias deficiências que requerem certo tempo para que sejam superadas. Uma delas é a da fraca industrialização, o que faz com que a Venezuela tenha que importar muitos bens de consumo. Devido à brusca queda dos preços do barril de petróleo, tensionada pela articulação entre os EUA e países do Oriente Médio, a economia do país passa por dificuldades. Mistura-se a isso, o boicote dos bancos internacionais na recusa de concessão de créditos, com o fortalecimento de negociatas no mercado negro; e temos o retrato da atual ofensiva promovida pela elite venezuelana, tendo como principal fiador os EUA na tentativa de reaverem seus interesses geopolíticos. Através do financiamento de ONG’s, a instabilidade social está sendo incentivada. Não são nada democráticos.

Lá atrás, em 2002, o presidente Chavéz foi vítima de um golpe de estado. Permaneceu menos de dois dias fora do poder, mas logo movimentações populares reivindicaram a volta do presidente democraticamente eleito. Parecem querer repetir a história. Nas últimas semanas, foram desarticuladas algumas tentativas de golpe contra o atual mandatário Nicolás Maduro e provas foram apresentadas justificando a prisão de alguns dos golpistas. Estas movimentações são facilmente compreendidas se analisadas na perspectiva de uma elite que vê a população mais pobre ser priorizada pelas políticas do governo. Qualquer semelhança com o Brasil, não é mera coincidência.

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A opção pelo caminho da redução das desigualdades, pelo caminho da soberania e autodeterminação de um país historicamente subjugado, é um sinal de que os povos livres de nossa América ainda podem erguer a cabeça e trabalhar, eles mesmos, o seu futuro.

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