Dupla sertaneja tem 15 minutos de fama para esquecer. Repercussão negativa de música que faz apologia ao Revenge Porn, prática considerada criminosa, obriga cantores a deletarem vídeos e redes sociais
Eu vou jogar na internet / Nem que você me processe;
Eu quero ver a sua cara / Quando alguém te mostrar;
Quero ver você dizer que não me conhece.
Os cantores sertanejos Max e Mariano foram acusados de fazer apologia ao Revenge Porn (pornografia da vingança) na música “Eu Vou Jogar na Internet”, que foi lançada pela dupla na última semana.
O refrão da canção publicado acima é uma clara referência à divulgação de imagens íntimas na internet por motivos de vingança. No Brasil, casos recentes de Revenge Porn acabaram de forma trágica, com assassinatos e suicídios. Algumas mulheres já entraram em depressão e tiveram suas vidas sociais prejudicadas em razão da prática.
Outro trecho da música reforça a acusação contra a dupla, quando é mencionada uma gravação de um vídeo íntimo sem o consentimento da mulher. “Você mente que nem sente; Semana passada mesmo, a gente ficou… Sem que você percebesse, Eu gravei de nós um vídeo de amor”
Desculpas?
O repúdio à faixa ganhou as redes sociais e levou à retirada do material do Youtube. Além do clipe deletado, todos os canais oficiais de Max e Mariano na internet — página do Facebook, canal de vídeos e site oficial — foram tirados do ar até a noite desta quarta-feira.
Rubens Reis, assessor de imprensa dos sertanejos, disse que a dupla “jamais teve a intenção de fazer qualquer tipo de apologia” à chamada pornografia por vingança. “A intenção era levar um mensagem positiva, servir de alerta para a publicação de vídeos íntimos, mas a maioria das pessoas não entendeu assim”.
Crime
O revenge porn é um crime que pode ser interpretado tanto como injúria quanto difamação por causar dano à imagem e a honra da pessoa exposta.
Entre as muitas personalidades que manifestaram repúdio à canção e ao clipe, o senador pelo Rio de Janeiro e ex-jogador Romário foi dos que propuseram uma campanha de denúncia. “Isso não é brincadeira. As consequências para as vítimas são gravíssimas. A integridade física, moral e psicológica das vítimas são abaladas depois de terem a vida íntima exposta desta forma”, observou o político, que é autor de projeto de lei que tipifica o “revenge porn” como crime, com até três anos de detenção e indenização à vítima.
Atualmente, a prática pode ser punida pela lei 12.737/2012, conhecida como Lei Carolina Dieckmann, que prevê reclusão de até cinco anos — mas costuma ser aplicada de forma mais branda, como o pagamento de multa.
RELEMBRE ALGUNS CASOS DE ‘REVENGE PORN’ NO BRASIL:
(1) Carta à menina execrada por um vídeo de celular
(2) Jovem comete suicídio após vídeo íntimo vazar no Whatsapp
(3) Homem é preso por ameaçar divulgar conteúdo íntimo de ex-namorada
(4) Estudante que teve fotos íntimas divulgadas: “me senti impotente e com nojo”
Acompanhe Pragmatismo Político no Twitter e no Facebook