“Minha audiência não é pedreiro”. Destilando preconceito e desprezo, Ed Motta deu 'dicas' de como os brasileiros (“gente simplória e primitiva”) que assistirão seus shows na Europa devem se comportar
Ed Motta se pronunciou nas redes sociais sobre sua turnê europeia que passará pela França, Alemanha, Holanda, Irlanda, Inglaterra, Itália, Áustria e Finlândia. Na mensagem de divulgação dos shows, o artista destilou preconceito e desprezo contra o público brasileiro que pretende acompanhá-lo no velho continente.
“Meu público brasileiro de verdade na Europa é um pessoal mais culto, informado, essas pessoas nunca gritaram nada. O negócio é que vai uma turma mais simplória que nunca me acompanhou no Brasil. Público de sertanejo, axé, pagode, que vem beber cerveja barata com camiseta apertada tipo jogador de futebol, com aquele relógio branco, e começa a gritar nome de time”, escreveu.
Na postagem, o músico afirma ainda que não falará nem cantará em português nas apresentações.
“Não tem músicas em português no repertório, eu não falo em português no show. Preciso me comunicar de forma que todos compreendam, o inglês é a língua universal, então pelo amor de Deus, não venha com um grupo de brasuca berrando ‘Manuel’ porque não tem, e muito menos gritar ‘fala português Ed’ […] O mundo inteiro fala inglês, não é possível que o imigrante brasileiro não saiba um básico de inglês”, desabafou.
O músico foi parar entre os temas mais comentados das redes sociais e recebeu uma enxurrada de críticas depois da publicação. Ed Motta chegou a discutir com vários seguidores no Facebook.
“No Brasil minha audiência não é pedreiro, não é popular. Pedreiro vai ver filme de David Lynch? Pedreiro frequenta bons restaurantes?”, questionou, ao ser criticado por um internauta.
Outra internauta sugeriu que Motta se mudasse para a Europa, já que tinha tanto desprezo pelo povo simples brasileiro. “Ed, vai embora. Escolhe um país bacana da Europa e vai morar lá. Aguardo informações sobre o preconceito que você vai sofrer… Mas ah, isso vai servir pra você ser um pouco mais humilde”, disse.
O cantor respondeu dizendo que já sofreu preconceito em alguns países, como EUA e Alemanha, mas que não se comporta como um “vitimista”. Para Motta, “quem gosta de ler, ver filmes, tocar, compor, estudar, não está preocupado com isso [preconceito]”. “O foco é outro”, finaliza.
“Sul civilizado”
Em 2011, em visita a Curitiba, ele já havia disparado contra a aparência dos brasileiros. “Em Curitiba, lugar civilizado graças a Deus. O Sul do Brasil, como é bom, tem dignidade isso aqui. Frutas vermelhas, clima frio, gente bonita. Sim, porque ooo povo feio o brasileiro [risos]. Em avião dá vontade de chorar [risos]. Mas chega no Sul ou SP, gente bonita compondo o ‘ambiance’ [risos]”
O desenhista Vitor Teixeira ironizou as declarações de Ed Motta com uma charge (ver abaixo) acompanhada da seguinte legenda: “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser opressor” – Paulo Freire.
VEJA TAMBÉM: Blogueira do Globo esculacha pobres em texto espantoso
Acompanhe Pragmatismo Político no Twitter e no Facebook