André Falcão*
Entre tantas abobrinhas carregadas em faixas e cartazes, ou esgoeladas pelos filhos da manipulação, do ódio, do preconceito e da ignorância histórico-política do Brasil e do mundo, a que dá título à crônica foi, digamos assim, a frase-surpresa do fracassado protesto do último dia 12/04, mas que serve para deixar ainda mais claro (como se fosse possível tornar mais visível o que já é escancarado) o baixíssimo grau de consciência moral e ética de grupos que tais, se é que têm algum.
Sonegação não é corrupção! Dá pra acreditar que a basbaquice chegou a esse ponto? Então o criminoso sonegador como tal alardeia-se, pretendendo situar-se num limbo mais asséptico do que aquele onde investido o corrupto? Há pérola maior do que esta, nesse profícuo e politizado movimento da direita? Talvez só mesmo a de pedir o golpe militar (um misto de patetice no mais alto grau, somada à apologia de crime previsto na legislação brasileira).
Por outro lado, dá tristeza imensa assistir aos jovens repetindo chavões adrede elaborados, sem a mais mínima noção do mico que na realidade estão a propagar, a repetir, a pagar. Nem as crianças são poupadas. Na internet assisti a um tão patético quanto insano vídeo doméstico, onde adultos, babando toda a sua ignorância e ódio, pisoteavam, chutavam e limpavam os pés numa camisa vermelha do PT, enquanto estimulavam crianças que os acompanhavam a fazer o mesmo.
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Aí filosofo com minhas nunca usadas abotoaduras, inertes sabe-se lá pra quê num canto qualquer do armário: Jamais imaginei, nem nos meus mais sórdidos devaneios, que um dia iria testemunhar imensa parcela da juventude do meu país em campo oposto àquele onde situados os mais pobres, os mais necessitados, os mais injustiçados, os mais perseguidos, os mais desafortunados, os mais maltratados pela vida e por um sistema político cruel e desumano e excludente. Justamente aquele extrato juvenil que teve e tem todas as oportunidades, porque nascido em berço privilegiado. É desalentador.
Por outro lado, vem a mostrar que certo estava meu falecido avô Togo quando pregava a importância da educação enquanto maior de todos os direitos dos povos, junto com o direito ao alimento, e Paulo Freire, para quem a leitura do mundo precede a da palavra, afinal, se diploma de graduação e pós-graduação fosse sintoma de politização e conhecimento de história, certamente não estaríamos nos deparando com esse surreal 3º turno, findo no último dia 12/04.
*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político
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