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A oposição é desesperada

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Mailson Ramos*

A oposição é desesperada. A variação temporal do verbo não esconde a condição do sujeito. Poderia dizer que a oposição está desesperada, entretanto, a constância aflitiva do PSDB e seus sectários rumo ao pedido de impeachment é colérico e contínuo. Não se assoma a este sentimento de cólera um ínfimo grão de discernimento e bom senso. Quando todas as urnas repousam nos depósitos e poucos brasileiros se recordam completamente dos sucessos de outubro passado, Aécio Neves, perdedor inconformado, se esquece que é senador da República e utiliza seu mandato apenas para difamar a presidente Dilma e correr atrás de uma tese jurídica inválida um pedido de impeachment.

Aliás, Aécio Neves e sua trupe de aduladores estabanados tentaram todas as alternativas possíveis para barrar a governabilidade da presidente. Os nobres amigos e amigas devem se recordar que o primeiro passo desta contenção foi dado antes mesmo do pleito final, quando a revista que o apoia lançou a famigerada capa “Eles sabiam de tudo”. Aquele primeiro golpe visava enfraquecer os números da eleição de Dilma e foi o que realmente aconteceu. Mas a candidata do PT foi eleita. Iniciava-se uma guerra midiática em que o governo e a presidente seriam colocados no paredão, sem descanso, sem piedade. Substituíam os críticos, mas nunca as críticas.

O arsenal do PSDB e de uma classe elitista despolitizada explorou armas e ideias golpistas que nem os ficcionistas e muito menos os juristas seriam capazes de corroborar. Naturalmente existe um jogo de poder que envolve os grupos hegemônicos, as grandes empresas de comunicação, os setores mais conservadores da sociedade e uma conjuntura política adversa ao governo no Congresso Nacional. Aécio Neves incorporou de alguma maneira as características golpistas de Carlos Lacerda, que disse em 1950: O Sr. Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato à presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar.”

Aécio vocifera como cão raivoso. Nem mesmo seus pares dentro do que se chama partido da social democracia estão de acordo com o pedido de impeachment. Fora do tom, Cássio Cunha Lima tenta acompanhar o presidente. Nem mesmo FHC, falastrão como uma velha comadre, apoia a ideia do impeachment e pede cautela aos partidários do PSDB. É muito provável que os grandes juristas brasileiros concordem que não há fundamentação jurídica para a petição de impedimento. De última hora surgiram as tais das pedaladas fiscais que têm sido utilizadas desde a década de 1990 pela equipes econômicas dos governos e somente agora constitui crime. A conclusão do TCU ainda é preliminar. Mas foi o bastante para acender as esperanças de um perdedor desconsolado.

Dá nisso disputar eleição com playboy que nunca soube ouvir um ‘não’ ou ‘você perdeu’. Querem atacar a presidente. Destitui-la ilegitimamente. Aécio Neves não engana ninguém. Ele estaria preparado para utilizar seu capital eleitoral de 51 milhões de votos para assumir o poder a qualquer custo. Ele é democrata porque a palavra é bonita e também o seu significado político, mas quem o conhece dos tempos de Minas Gerais, sabe que suas aspirações de poder passam por cima de qualquer coisa. Esta febre que acomete o presidente do PSDB está expondo-o ao ridículo. Até Boechat reclamou do choro de Aécio. Não é possível saber até onde vai o choro. Mas já chega. Deixem Dilma governar, façam valer seus mandatos e tomem vergonha na cara. Nós já temos uma presidente.

*Mailson Ramos é escritor, profissional de Relações Públicas e autor do blog Nossa Política. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político.

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