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Como a CBF ‘vendeu’ a seleção brasileira em acordos comerciais

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Seleção brasileira de futebol hoje é privatizada. Contrato mostra que CBF não tem autonomia em convocação dos jogadores

Del Nero (esq) e Marin | Divulgação

O jornal O Estado de S. Paulo revelou no último sábado, através de contratos obtidos com exclusividade, como a CBF ‘vendeu’ a seleção brasileira em acordos comerciais para organização de amistosos que estabelecem, dentre outros itens, que a substituição na lista de convocados precisa ser feita em “mútuo acordo” e que o atleta a ser chamado precisa ter o mesmo “valor de marketing” do cortado.

A CBF mantém desde 2006 a realização de seus compromissos pelo mundo a cargo da ISE Sports, ligada ao grupo Dallah Al Baraka, um dos maiores conglomerados do Oriente Médio, mas que funciona apenas como uma empresa de fachada nas Ilhas Cayman.

Ela sublicenciou até 2012 a operação para a Kentaro.

A partir de então, a função passou para as mãos da Pitch International, que adotou uma postura mais ‘dura’ no cumprimento do acordo.

Ficou estipulado, por exemplo, que a seleção deveria entrar sempre em campo com seus principais nomes, sem qualquer possibilidade de testar jovens jogadores ou fazer uso dos amistosos para preparar o seu time olímpico. “A CBF garantirá e assegurará que os jogadores do Time A que estão jogando nas competições oficiais participarão em qualquer e toda partida”, diz o artigo 9.1.

Mais do que isso: em caso de substituição de atleta contundido, a CBF terá de enviar certificado médico aos representantes da ISE para comprovar a ausência de condições para atuar e substituir por um outro “nível similar, com relação a valor de marketing, habilidades técnicas, reputação”.

Em caso de descumprimento da condição, a empresa deixa claro que o cachê seria, então, reduzido a 50% do combinado – US$ 1,05 milhão (R$ 3,14 milhões).

A negociação para mudança de operadora da Kentaro para a ISE envolveu ainda uma briga nos bastidores entre a dupla José Maria Marin e Marco Polo Del Nero e o ex-presidente Ricardo Teixeira.

Na eventual manutenção da Kentaro, ficou combinado, segundo o Estado, que a família Figer, que desempenhou o papel de intermediária nas conversas, faturaria US$ 132 milhões no acordo de dez anos, entre 2012 e 2022.

“Toda vez que vem uma proposta você tem de ouvir. Se for interessante, podemos romper o contrato (em vigência), desde que sejam pagas as multas. Então, nós analisamos (a proposta da Kentaro, através de Figer), mas não chegou àquilo que poderia nos interessar”, afirmou Del Nero ao jornal.

informações de ESPN

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