Um dos principais operadores do esquema de corrupção na Petrobras, o doleiro Alberto Youssef disse, em depoimento à Justiça, que o atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi o ‘destinatário final’ do pagamento de propina pelo aluguel de navios-sonda
O doleiro Alberto Youssef afirmou nesta quarta-feira à Justiça Federal que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), era um dos “destinatários finais” da propina – de cerca de R$ 4 milhões – paga pelo aluguel de navios-sonda para a Petrobras, em 2006. As informações foram inicialmente publicadas em matéria da Folha de S.Paulo.
Neste processo, são réus o operador Fernando Soares, o Baiano, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e o empresário Júlio Camargo.
O doleiro reafirmou ainda que partiu de Cunha requerimentos feitos na Câmara para pressionar a empresa Mitsui, que estaria atrasada no pagamento da propina em 2011. “Fui chamado em 2011 pelo Julio Camargo no seu escritório, onde ele se encontrava muito preocupado e me relatou que o Fernando Soares, através do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), havia pedido alguns requerimentos de informações referentes aos contratos da Mitsui, da Toyo e do próprio Julio Camargo, através de outros deputados”, relatou o doleiro à Justiça.
Requerimentos
Semana passada, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, esclareceu que o depoimento de um ex-diretor do Centro de Informática (Cenin) da Câmara “reforça suspeitas” de que Cunha foi o autor de requerimentos para pressionar empresas investigadas na Lava Jato.
Janot citou depoimento em que Luiz Antônio Eira, ex-diretor do Cenin, relatou a três procuradores como funciona o sistema que registra requerimentos apresentados pelos deputados. O depoimento foi prestado no dia 29 de abril, um dia após Luiz Antônio Eira ser exonerado do cargo de diretor. A procuradoria suspeita que os requerimentos foram elaborados por Cunha em 2011, pois o nome dele aparece como autor em dois deles. Cunha sustenta que os requerimentos não foram apresentados por ele, mas por Solange Almeida, ex-deputada e atual prefeita de Rio Bonito (RJ).
A operação acirrou ainda mais os ânimos de Cunha contra o procurador Rodrigo Janot, a quem acusou de ter “opinião formada” sobre seu caso.
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