André Falcão*
Um dos maiores defeitos de nossa democracia, ocidental-capitalista, é que as eleições são ditadas pelo poder econômico, via financiamento empresarial de campanha.
De um lado, o que mais recebe realiza a campanha eleitoral mais vistosa; de outro, os eleitos são inexoravelmente cobrados pelas empresas financiadoras, das mais diversas e sub-reptícias formas. Isto para não falar do caixa dois de campanha, pelo que, aliás, já foi pego o PT – alvo principal e quase único da gana justiceira, com ou sem culpa no cartório – e o PSDB – escandalosamente impune, a despeito de que os crimes que lhe são imputados terem ocorrido anteriormente àqueles atribuídos ao PT e espetaculosamente noticiados, seguidos de televisivo julgamento durante meses a fio.
O financiamento empresarial de campanha, portanto, somente atende ao poder econômico e à corrupção, sendo desta sua maior semente e seu mais nutritivo adubo. Ou você é ingênuo para acreditar que uma grande empreiteira que invista milhões de reais numa candidatura não vá apresentar a conta depois?
Outrossim, não é razoável que alguém que se diga horrorizado com a corrupção possa ser contrário ao financiamento público de campanha – salvo se sua irresignação não passe de mais um arroubo de hipocrisia deslavada. Pois, não se vê brotar do seio das classes média e alta deste País, elas que saem às ruas para apontar corrupção nos outros, uma só manifestação pelo fim do financiamento empresarial de campanha. É a hipocrisia ultrapassando os limites do crível.
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O financiamento público de campanha, pois, um dos pilares da reforma política tão desejada e relevante para o País, sofre sérios riscos de naufragar, não sendo aprovada, ou o sendo em retalhos, obra de um dos piores Congressos da história do Brasil.
Par e passo, vimos nos deparando com cínica tentativa de implementar-se no País a terceirização ampla, geral e irrestrita, retrocesso há algum tempo inacreditável que pudéssemos vir a sofrer. A terceirização de atividade-fim, na verdade, também não é boa para o capital, entenda-se, o empresariado, inobstante muitos de seus membros, de visão curtíssima, assim não a compreendam; mas é inexoravelmente danosa para o trabalhador brasileiro.
Essas são algumas das sérias ameaças em vias de concretizar-se. O inimigo público número um, comandante dessa onda perniciosa, tem nome: Eduardo Cunha. Acorda, povo brasileiro! Acorda, antes que seja tarde. Eu disse: povo!
*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político
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