A princípio, PT e PCdoB seriam os partidos com mais chances de integrar a frente, mas outros partidos também podem fazer parte; é muito importante que essa frente financie sua campanha só com dinheiro de pessoas físicas, até um máximo razoável por pessoa
Nicolas Chernavsky*
É verdade que ainda faltam mais de três anos para as próximas eleições presidenciais, mas também é verdade que uma candidatura presidencial competitiva se define com muita antecedência, em geral anos antes da votação. No caso, uma Frente Progressista que tenha Lula como candidato em 2018, se quisermos que ela financie sua campanha só com dinheiro de pessoa física, tem que ser discutida desde agora, porque os partidos que entrariam nessa frente teriam que aceitar essa forma de financiamento na campanha. Além disso, quando acabarem as eleições municipais do ano que vem, vai ser dada a largada para 2018. E aí a Frente Progressista tem que estar formada.
Se essa candidatura realmente se financiar só com dinheiro de pessoas físicas, com um máximo razoável por pessoa, isso pode ser uma mudança qualitativa enorme na política brasileira. Assim, o fato de alguns partidos não quererem entrar na frente por causa do sistema de financiamento da campanha pode ser contrabalançado pelo poderoso argumento político que a frente teria durante a eleição: aqui não tem dinheiro de empresas, sindicatos ou ONGs, só de pessoas físicas, e até um limite máximo razoável por pessoa. O efeito social-eleitoral que isso teria pode mudar qualititativamente a política brasileira.
Que partidos fariam parte da Frente Progressista, com Lula em 2018? O PT e o PCdoB provavelmente estariam nessa frente. Entretanto, outros partidos poderiam se juntar, como o PDT e o PROS, desde que aceitassem o financiamento da campanha de Lula só por pessoas físicas com um limite máximo razoável por pessoa. Uma questão interessante é se o PSOL entraria na Frente Progressista. Se o financiamento de campanha realmente fosse implementado dessa forma, aumentariam as chances do PSOL fazer parte da frente, mas mesmo assim essas chances continuariam pequenas, pois o PSOL tem um componente ainda muito forte de hostilidade ao PT. Para parte do PSOL, a hostilidade em relação ao PT é fundamental em sua atividade política e para sua permanência no PSOL. Assim, é muito difícil, apesar de não ser impossível, que em 2018 o PSOL participe dessa Frente Progressista, independentemente do sistema de financiamento de campanha.
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E por que o nome “Frente Progressista”, e não “Frente de Esquerda”? Porque o espectro progressismo-conservadorismo não é igual ao espectro esquerda-direita, e a atual conjuntura política do Brasil deixa claro que é o conservadorismo que vem liderando a resistência ao fim da miséria e da pobreza, à facilitação do acesso às universidades, ao aumento da qualidade do SUS para os municípios mais pobres do interior, ao investimento em infra-estrutura para que não falte água como no estado de São Paulo, à integração política com os países vizinhos, e às políticas em geral que vêm sendo realizadas pelo governo federal desde 2003, quando passou a ser encabeçado pelo progressismo.
E por que Lula como candidato? Porque é a melhor opção entre as possibilidades reais. Dentro dos partidos que mais provavelmente formariam parte da Frente Progressista, o PT e o PCdoB, quem tem mais representatividade, mais capacidade de liderança e mais chances de vitória? De longe, Lula. E se incluirmos os partidos que poderiam fazer parte da Frente Progressista, por exemplo, PDT, PROS e PSOL? Continua sendo Lula. No futuro, a Frente Progressista poderia avançar para realizar uma grande prévia que fosse aberta a todas as pessoas, sejam filiadas ou não aos partidos, como acontece ou já aconteceu no Chile, EUA, França, Itália e Argentina, por exemplo. No futuro próximo, esse pode ser o desafio do progressismo brasileiro. Mas para a próxima eleição presidencial, a responsabilidade bate à nossa porta. Para terminar a tarefa de levar o Brasil de ser um país pobre a ser um país de classe média, a Frente Progressista seria um instrumento extraordinário, financiada apenas com dinheiro de pessoas físicas com um máximo razoável por pessoa – o que revolucionaria a política brasileira – e levando este genuíno líder popular novamente à presidência do Brasil.
*Nicolas Chernavsky é jornalista formado pela Universidade de São Paulo (USP), editor do CulturaPolítica.info e colaborador do Pragmatismo Político
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