Dilma faz apelo contra aprovação da redução da maioridade penal: "será um enorme erro"
Dilma: ‘Redução da maioridade penal será um enorme erro’. Na véspera da votação da proposta que reduz a maioridade penal para 16 anos, presidenta diz que eventual mudança será um “grande passo para trás para um país que tem sido líder quando o assunto é legislação que protege o direito das crianças”
A presidente Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira (17) que o governo poderá propor uma mudança no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) para aumentar a punição para adolescentes envolvidos em crimes hediondos. O tempo máximo de internação previsto no ECA é de três anos, sem diferenciar o tipo de infração cometida pelo adolescente.
Junto com o aumento da pena para adultos que aliciam jovens para crime, essa pode ser a estratégia do governo para criar uma alternativa à proposta do Congresso Nacional de reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos.
“Em tempos em que se propõe a redução da maioridade penal, ao invés de a gente aprofundar a exclusão, com a pura e simples redução, preferimos trabalhar alterando de fato a legislação, atribuindo penalidades para o adulto que envolver crianças em atos da sua quadrilha ou mesmo alterando o Estatuto da Criança e do Adolescente, apenas tipificando o que aconteceria quando se praticam os chamados crimes hediondos”, disse a presidente durante cerimônia para comemorar a marca de 5 milhões de MEI (Microempreendedores Individuais), alcançada em junho.
Dilma defendeu o acesso dos adolescentes ao mercado de trabalho como forma de afastá-los da violência e disse que quer implantar até o próximo mês o Pronatec Aprendiz, que vai permitir a contratação de aprendizes por micro e pequenas empresas, custeada pelo governo.
“Acredito que esse programa oferece caminho da prevenção, ele cria um passaporte para os jovens, não rumo ao mundo carcerário, mas em direção ao mundo da dedicação, do trabalho e das oportunidades”, comparou.
Antes, em discurso na mesma cerimônia, o ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Domingos Afif, também havia defendido a ampliação do acesso de jovens ao mercado de trabalho como alternativa às tentativas de redução da maioridade penal de 18 para 16 anos.
“Queremos que o adolescente, a partir dos 14 anos, tenha os estímulos para o trabalho, queremos, como disse o ministro Afif, que ele saia do mundo da violência e entre no mundo do trabalho, ou melhor, que não chegue ao mundo da violência, que ele tenha essa oportunidade”, acrescentou Dilma.
Está marcada para hoje (17) a discussão e votação do parecer sobre a proposta de emenda à Constituição (PEC) 171/93 que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos. A proposta tramita em uma comissão especial que analisa o tema e deverá ser levada ao plenário da Câmara no dia 30 .
A proposta de aumentar o tempo de internação em caso de crimes hediondos também é articulada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e pelo senador José Serra (PSDB-SP). Alckmin defende a ampliação do tempo de internação de três para oito anos, e Serra, de três para dez anos.
“A organização internacional de direitos humanos defende que a medida viola obrigações assumidas pelo país em tratados internacionais e tem como base falsas premissas, como a de que estaríamos nos igualando a diversos países”, destacou. Dilma também compartilhou um vídeo da Human Rights Watch criticando a redução da maioridade penal. Veja:
com Agência Brasil