Professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Joaquim Sucena Lannes acreditou em publicação de site satírico e aproveitou para destilar ódio na internet: "que sejam estupradas filha, esposa e outras mulheres que tenham parentesco com o juiz". O docente tentou se justificar, mas acabou apagando o texto posteriormente
O professor e chefe do departamento e comunicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV) Joaquim Sucena Lannes, publicou no seu perfil do Facebook uma mensagem interpretada como apologia ao estupro de esposa e filhas de juiz, na segunda (15). O comentário estava acompanhado de uma notícia falsa, de título: “Juiz solta ladrão e é assaltado por ele na saída do Fórum.”
O link da notícia vinha acompanhado do comentário: “Bem feito. Tomara que futuramente este marginal entre na casa do juiz estupre a mulher dele, a filha e outras mulheres da família dele. Aí quem sabe ele possa ver quem merece ficar solto e quem merece ficar preso. Bem feito.”
Joaquim Sucena tentou se justificar. O docente afirma que não teve intenção de estimular estupro e que sua opinião deve ser respeitada, assim como respeita outras opiniões. No entanto, declarou que excluiu de sua rede social aqueles que criticaram sua postagem. Após a repercussão, ele apagou os posts.
Segundo uma estudante do quinto período de comunicação social da UFV, que prefere não se identificar, este não é um caso isolado e o professor já teria feito outras declarações polêmicas tanto por meio das redes sociais, quanto em sala de aula. “Temos várias denúncias de falas preconceituosas feitas por ele. Eu mesma presenciei quando ele disse não ter nenhum problema com homossexualidade, desde que não ocorresse em sala de aula. Ele disse em tom de brincadeira, mas é opressivo, ainda mais por termos homossexuais em nossa turma”, considera a jovem.
Um jornalista e ex-aluno do professor na UFV, que não quer ter o nome divulgado, também condena a conduta de Lannes. “As postagens do professor no Facebook apenas ilustram práticas condenáveis dele em ambiente acadêmico. Práticas que há muito tempo revoltam os estudantes e que envolvem assédio moral, discursos preconceituosos, machistas e homofóbicos. Não bastassem as situações vexatórias, o professor é fechado ao diálogo e se orgulha de transformar a sala de aula em um espaço ditatorial”.
A historiadora Conceição Oliveira aponta para a irresponsabilidade de um acadêmico da área de Comunicação que não consegue distinguir notícias falsas de verdadeiras.
“Um professor que é chefe do Departamento de Comunicação Social não se dá ao trabalho de investigar se a notícia que circula e que ele reproduz em seu perfil é verdadeira ou falsa. Isso diz muito sobre um certo tipo de jornalismo em que parece que o fato não tem relevância. Mais que a gravidade de um comentário que incita a violência, “o olho por olho, dente por dente“, chama a atenção a ausência de um saber basal de qualquer um que trabalha com comunicação mas, especialmente, um saber que é condição mínima para se chefiar um departamento de Comunicação numa universidade federal: rigor com os fatos, apuração jornalística antes de publicar qualquer notícia”, publicou Conceição em seu blog.
Na tarde da última quarta-feira (17), organizações de jovens protocolaram denúncia no conselho do Centro de Ciências Humanas da UFV, onde o professor ministra aulas. Também o denunciarão por incitação ao estupro na delegacia de Viçosa.
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