Além de covarde, homem que divulgou vídeo humilhando um frentista haitiano é um criminoso. Daniel Barbosa, que diz combater o 'Foro de São Paulo' e lutar contra infiltrados de Cuba e da Venezuela no Brasil, tem antecedentes por roubo a estabelecimentos comerciais e sequestro
A Polícia Civil confirma que já está investigando o caso de injúria racial cometido por um homem de 42 anos contra um haitiano em Canoas, na região Metropolitana de Porto Alegre.
O suspeito, identificado como Daniel Barbosa, aparece em um vídeo publicado na internet (assista abaixo) ofendendo um haitiano que trabalha como frentista em um posto de Canoas. De acordo com a 20ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, o homem tem antecedentes criminais por roubo a estabelecimentos comerciais e sequestro.
Para o jornalista Fernando Brito, esse tipo de violência retrata a ignorância acerca da formação da identidade do povo brasileiro. “O avô ou bisavô deste personagem que maltrata quem vem trabalhar aqui veio de onde? As centenas de milhares de gaúchos filhos, netos e bisnetos de imigrantes por acaso não vieram para cá, como dizia a minha avó (ela própria filha de um imigrante português), com ‘uma mão atrás, outra na frente’? Porque, tirando os poucos indígenas que restam neste país, quem é que não veio de algum lugar para trabalhar e viver aqui?”, questiona.
Brito lembra ainda que a maior parte dos imigrantes que desembarcam na América Latina vêm da Europa. “Se ele não sabe, foi divulgado esta semamna, na Suíça, um estudo mostra que, pelo sexto ano consecutivo, mais migrantes estão vindo da Europa para a América Latina que, como antes, latino-americanos indo para lá, em busca de trabalho”.
“O que este covarde acharia se um brasileiro que fosse tentar a sorte como entregador de pizza nos Estados Unidos fosse tratado como ele tratou o rapaz? Se o Ministério da Justiça do Brasil servisse para alguma coisa, este camarada estaria sentado agora numa delegacia de polícia, prestando declarações e respondendo, no mínimo, por assédio”, finaliza Brito.
O crime cometido, em tese, é o de Preconceito de Origem Nacional – que define crimes de discriminação racial e de cor. Em casos de condenação a pena pode variar entre dois e cinco anos de reclusão. A investigação deverá ser repassada à Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Cibernéticos, pelo fato do vídeo estar na internet, ou à delegacia de Polícia Civil de Canoas.
“Recebi o vídeo nas redes sociais e de imediato analisei e observei que ali tinha um delito de preconceito de origem nacional. É um crime, independente de posição política ou ideológica, existe um delito. E é um delito grave”, afirmou o policial civil da 20ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, Leonel Radde.
Homem nega xenofobia e vê complô
Daniel Barbosa, que é seguidor das ideias do astrólogo Olavo de Carvalho, alega que estava apenas investigando se a vinda do estrangeiro tinha relação com a chegada de paramilitares ao Brasil para ajudar nos planos de uma organização chamada de Foro de São Paulo, que teria o objetivo de implantar um regime de esquerda em toda a América Latina.
Por esse motivo, ele afirma que não foi racista nem xenófobo, diz que agiu por uma questão de “soberania nacional”, mas ao mesmo tempo admite que não encontrou nenhum caso concreto de militares infiltrados no País. “O que existe são investigações e denúncias por quem conhece isso”.
Vídeo:
Daniel Barbosa também foi encontrado pela equipe do programa CQC esta semana. Assista:
com informações de Terra Magazine
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