Popularidade de Donald Trump explodiu nas últimas semanas, em meio a declarações racistas, xenófobas e sexistas em entrevistas e campanhas. Confira 5 provas da intolerância do magnata norte-americano, líder entre os pré-candidatos republicanos
Patrícia Dichtchekenian, Opera Mundi
Entre maio e julho, o magnata Donald Trump ultrapassou adversários na corrida da pré-candidatura republicana, consolidando-se na liderança do partido conservador pela Casa Branca. Segundo uma pesquisa do Washington Post divulgada na segunda (20/07), a personalidade da TV obteve 24% das intenções de voto — 20 pontos a mais do que há dois meses.
À frente de Scott Walker (13%) e Jeb Bush (12%), Trump conquistou o posto após uma série de declarações polêmicas — racistas, sexistas e xenófobas — que têm sido propagadas em esfera pública. Conheça alguns dos preconceitos e controvérsias que o pré-candidato despejou à imprensa na disputa eleitoral norte-americana:
1) A vida conjugal de Hillary Clinton: A principal pré-candidata democrata (68% das intenções de voto) foi um dos primeiros alvos de Trump, antes mesmo de o magnata do setor imobiliário lançar formalmente candidatura à Presidência, que ocorreu em 16 de junho. Dois meses antes disso, contudo, o republicano escreveu no Twitter: “Se Hillary Clinton não consegue satisfazer seu marido, o que faz ela pensar que conseguiria satisfazer a América?”.
A frase faz alusão ao escândalo sexual que o marido da pré-candidata, o ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) se envolveu com Monica Lewinsky, estagiária da Casa Branca, e que veio à tona em 1998. Questionada sobre essa polêmica em entrevista à rádio BBC, em novembro passado, Hillary ressaltou que essa questão “é algo que certamente nós superamos e nosso país também superou. Eu desejo o bem a ela [Monica], mas o importante é permanecer focada no que está acontecendo aqui e agora”.
2) A xenofobia com imigrantes mexicanos: Após a fuga do traficante “El Chapo” em uma prisão de segurança máxima no México, Trump declarou na semana passada que os mexicanos utilizam a fronteira como “um aspirador, levando as drogas e a morte diretamente aos EUA”.
Além das declarações sobre o líder do Cartel de Sinaloa, o bilionário de 69 anos já havia afirmado que o país vizinho “envia sua gente, mas não manda o seu melhor”, acrescentando que os mexicanos que chegam ao território norte-americano são pessoas que trazem “droga e crimes”, além de “estupradores”, caracterizando o sistema judiciário mexicano de “todo corrupto”.
No fim de junho, entretanto, Trump perdeu uma disputa judicial envolvendo 12 milhões de dólares com outros dois empresários mexicanos por conta de um concurso de Miss Universo que ocorreu em 2007.
Segundo a Bloomberg, o presidenciável acusa-os de dever-lhe milhões pelo evento, mas perdeu o caso nos tribunais dos dois lados da fronteira. A polêmica gerou uma onda de boicote por parte de latinos, como a emissora Televisa e o também bilionário Carlos Slim.
No lançamento de sua campanha, Trump também havia proposto levantar um “grande muro” na fronteira sul para evitar a entrada de imigrantes.
No ano passado, contudo, imagens de crianças mexicanas presas em “gaiolas” — chamadas de refúgios temporários pelas autoridades norte-americanas — chocaram senadores, ONGs e a sociedade civil pela crise humanitária na fronteira dos EUA.
3) Casamento gay: Dois dias após a Suprema Corte dos Estados Unidos decidir que casais formados por pessoas do mesmo sexo têm o direito constitucional de se casar em todo o país, Trump afirmou em entrevista à CNN que é a favor “do casamento tradicional”. Questionado pelo jornalista do emissora norte-americana o que há de tradicional em se casar três vezes, o magnata argumenta que teve três ótimas esposas, mas que se culpa por “trabalhar tanto”.
No dia 26 de junho de 2015, a Corte norte-americana concluiu que cabe à Constituição garantir a todos os direitos ao casamento, “pois ele incorpora os mais altos ideais de amor, fidelidade, devoção, sacrifício e família”. Para o presidente norte-americano, o democrata Barack Obama, a histórica decisão é um passo “em direção à igualdade” e, com o decreto, “o amor venceu”.
4) Racismo: Poucas semanas após o ataque à igreja frequentada pela comunidade negra de Charleston, na Carolina do Sul, em que um jovem branco supremacista matou nove afro-americanos, Trump afirmou no fim de junho a jornalistas que a juventude negra do país “não têm espírito” e que assassinatos acontecem quase que a cada hora em diversas cidades do país.
As declarações vêm em meio a uma onda de assassinatos a jovens negros ao redor da nação por parte de policiais brancos, que gerou movimentos como “Black Lives Matter” e revolta da população. De acordo com o Conselho Nacional de Pesquisa norte-americana, homens negros com menos de 25 anos e com nenhum diploma de ensino médio têm mais chances de estar atrás das grades do que no mercado de trabalho. Um estudo de Stanford também aponta nessa mesma direção. Nos EUA, há mais negros encarcerados hoje do que escravos no século XIX.
5) Polêmica com militares e vazamento de dados pessoais: No último fim de semana, o magnata afirmou que o senador republicano John McCain — ex-piloto militar e ex-prisioneiro de guerra no Vietnã — não merecia seu status de “herói”. “Ele não é um herói de guerra. Virou um herói de guerra porque foi capturado”, comentou Trump em um comício político em Iowa no sábado (18/07). “Eu gosto de pessoas que não foram capturadas”, completou.
A declaração gerou fúria de parte da ala republicana, bem como de colegas próximos a McCain. Um deles foi o também pré-candidato republicano e senador Lindsey Graham. Em entrevista à CBS nesta terça-feira (21/07), Graham disse que Trump “deveria parar de ser um “babaca”(“jackass”) e que a atenção em torno do bilionário estava “tornando tudo um circo”. Revoltado, Donald Trump despencou o nível do debate e revelou o telefone pessoal do senador durante uma campanha política televisionada na Carolina do Sul.
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