Acompanhar as últimas votações aos projetos de lei e a tal reforma política, me fez ficar com uma dúvida: Para quem aquele povo estranho legisla?
Ediel Rangel*, Pragmatismo Político
Hoje no Brasil há 513 deputados federais e 1.035 deputados estaduais, 24 deputados distritais e 27 senadores, com salários e grandes “vantagens”; muitos são políticos “profissionais” de “curral” eleitoral hereditário, compõem bancadas “privadas” ou de conveniência. Acompanhar as últimas votações aos projetos de lei e a tal reforma política, me fez ficar com uma dúvida: Para quem aquele povo estranho legisla?
Acho um absurdo ser aceitável termos as bancadas BBB, [calma, não é o Big Brother Brasil, ainda, e sim Boi, Bíblia e Bala], das quais duas são financiadas por empresas privadas para defenderem os seus interesses e outra para defender uma visão religiosa, radical e quase extremista em nossa Estado que constitucionalmente é laico .
Vejam a conveniência: Um grande grupo empresarial, ou de um determinado ramo, financia as milionárias campanhas de um candidato e, em contra partida, o mesmo fará parte de um grupo que irá atuar em prol de seus interesses, não deixando “passar” nada que irá atrapalhar os seus lucrativos negócios na pátria amada dos tupiniquins!
Parece um absurdo isso, mas veja o que aconteceu recentemente.
O deputado Federal Luiz Carlos Heinze (PP-RS) conseguiu aprovar na Câmara dos Deputados (28/04/2015 PL 4148/2008) o seu projeto de lei que altera o modelo dos rótulos dos produtos que têm em sua composição elementos transgênicos (geneticamente modificados). A quem interessa omitir tal informação? Ao cidadão comum? Não, mas os grandes produtores que tem medo de ter o seu produto transgênico associado a malefícios ao ser humano, então é melhor omitir.
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Foi aprovado a construção de um shopping na Câmara dos Deputados, estimado em R$1 bilhão; e como são as obras no Brasil, essa não sairá por menos de R$1,5 bilhão. A pergunta é: Isso vai beneficiar quem? E pensar que na época da copa havia pessoas dizendo que precisamos de hospitais e não de estádios. Concordo plenamente, mas onde estão essas pessoas para agora dizerem que precisamos de hospitais, escolas, saneamento e não de shopping???
Na truculenta reforma política, foi rejeitada a proposta para que empresas não pudessem financiar campanhas: oras, isso irá beneficiar dois lados, o lado dos políticos e o lado das empresas. Mas e o povo?
No início do mandato do Eduardo Cunha com presidente da Câmara dos Deputados, foi oferecido o “bolsa madame” às esposas dos deputados para que, as custas de nós, pobres brasileiros, fossem acompanhar o parlamentar em seus compromissos na capital federal.
Bem, no início deste texto informo que temos 1.572 deputados no Brasil. Com isso eu quero lembrar o bordão do grande deputado Tiririca: Pra que serve um deputado?
Ora, se legislam em causa própria, em causa de empresas e empresários, para que nós, o povão, devemos votar? É bem mais prático e mais econômico se somente os patrocinadores votarem – sobra até mais dinheiro para investimentos iguais ao shopping do Eduardo Cunha.
Mais que uma reforma política, precisamos de uma reforma democrática para que de fato o poder volte para o povo, para que o poder emane do povo. Enquanto isso não acontece, a dúvida vai permanecer: afinal, para quem os nossos deputados legislam?
*Ediel Rangel é graduado em Sistemas de Informação pelo Instituto Doctum de Educação e Tecnologia, graduando em Ciências Contábeis pela UFVJM, mestrando em Tecnologia, Ambiente e Sociedade pela UFVJM, autor do Blog Ediel Rangel e colaborou para Pragmatismo Político.
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