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Rede Globo rebate acusações de racismo em foto sobre ‘diversidade’

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Rede Globo rebate acusações de racismo em foto sobre "diversidade da beleza feminina" com dezessete mulheres loiras, brancas e de cabelos lisos

Imagem publicada por página de entretenimento da Globo foi considerada contraditória, racista e machista. Legenda fala em “diversidade”

Há duas semanas, o departamento de jornalismo da TV Globo se vangloriava de proclamar: #SomosTodosMaju. A justa campanha visava apoiar e proteger Maria Julia Coutinho, moça do tempo do Jornal Nacional, das ofensas racistas que sofreu no Facebook. Nas redes sociais, a repercussão da postura de repúdio da emissora foi positiva.

No último 12 de julho, porém, uma imagem publicada por uma das páginas pertencentes à Globo no Facebook desagradou milhares de internautas. A foto de dezessete mulheres loiras e brancas está acompanhada da seguinte legenda: “O concurso ‘Bailarina do Faustão’ tem mostrado a diversidade da beleza da mulher brasileira. Gatas para todos os gostos”.

A imagem acumulou mais de 6 mil comentários, a maioria críticos. Os internautas não conseguiram identificar a mencionada “diversidade cultural”

“O mais engraçado é que só tem loira”, publicou Bia Mello, num comentário que recebeu mais de 15 mil curtidas. “Essa diversidade aí são os diferentes tons de cabelo loiro, né?”, questionou Maria Clara. Greice Madureira, mulher negra, foi além: “Diversidade da beleza da mulher brasileira? Onde está a diversidade nessa foto? Apenas nas regiões de onde vieram essas mulheres. Por esse motivo e outros, quando aparece uma pessoa negra nas programações da Globo acontece todo um movimento racista, porque na verdade não são todos Maju!”.

Para o ativista negro e escritor João Vieira, “o concurso [do Faustão] joga na cara do espectador que, salvo exceções, a televisão brasileira não retrata a realidade étnica do País”. Para vieira, o que reina na TV do Brasil ainda é, infelizmente, o padrão de beleza dinamarquês.

“[…] São musas e musos fabricados sob medida para servir como espelho de mulheres e homens inseguros com suas próprias características, que fazem delas e deles o que eles são. A verdade é que somos, sim, todos Maju. Mas apenas nos casos onde o posicionamento considerado correto parece evidente, onde tudo está ali, escancarado. Não somos Maju, nem coisa alguma, quando inibimos a representação de outras raças nos elencos de nossas novelas, ou nos auditórios de nossos programas dominicais cada vez menos originais”, afirma o escritor.

Além da questão racial, a publicação foi considerada machista pelo termo “gatas para todos os gostos”.

“Parece que tá falando de um objeto, de um pedaço de carne”, publicou Vanessa Fogaça Prateano. A internauta Míriam Rebeca questionou: “Mulher é produto de prateleira pra ficar agradando homem consumidor?”.

Em nota, a Globo afirmou que “o que se avalia [no concurso bailarina do Faustão] é o talento para a dança, a capacidade de comunicação, carisma, desenvoltura da participante, independente de sua etnia ou característica física […] O ‘Domingão do Faustão’, assim como toda a programação da Globo repudia qualquer tipo de preconceito. O post não reflete a totalidade das participantes do quadro.”

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