João Doria promete usar "jeans e camiseta" para se aproximar do "proletariado"
Pré-candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, João Doria Jr. se compara a ex-prefeito de Nova York e diz que vai se aproximar do “proletariado”
BBC Brasil
Pelo menos cem retratos de João Doria Jr, ao lado de celebridades como Xuxa, Roberto Carlos, Hebe Camargo e Ayrton Senna, se enfileiram no escritório do empresário e apresentador de televisão, no 11º andar de um prédio elegante em São Paulo.
Há três semanas, seus companheiros de TV José Luiz Datena e Celso Russomano (além da ex-apresentadora Marta Suplicy) passaram também a acompanhá-lo – não nas paredes de madeira escura, mas nas prévias da disputa ao cargo de prefeito de São Paulo, em 2018.
“Rádio e televisão têm penetração muito grande no Brasil”, argumenta o pré-candidato pelo PSDB, com o mesmo sorriso das fotos. “Coincidência sermos quatro figuras midiáticas.”
Se o Show Business, programa de entrevistas que apresenta há 23 anos, amarga audiência inferior a dos outros três, Doria sai na frente no prestígio entre políticos e poderosos.
A seu lado estão 1,7 mil empresários que formam o Lide, organização que fundou em 2003 para fortalecer a “livre-iniciativa do desenvolvimento econômico e social” e promover encontros entre líderes do setor produtivo.
A soma da produção destes empresários representa, de acordo com Doria, 52% do PIB privado nacional.
Aconselhado por pessoas próximas a evitar “malhas de cashmere nas costas”, a fim de desfazer a imagem ligada à elite, o apresentador promete que vai substituir o figurino formal por “jeans, camiseta e tênis” em sua aproximação com o “segmento dos trabalhadores, do proletariado”.
“Como candidato, você tem que estar aberto ao diálogo”, diz. “Você não vai visitar a periferia de terno. Não condeno quem faça isso, mas eu não vou visitar áreas periféricas assim.”
SP vs NY
Dono de 17 revistas sobre consumo, luxo e negócios, ele rejeita comparações com o também líder empresarial Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de SP), cuja candidatura ao governo estadual não decolou no ano passado.
“Nem Paulo Skaf, nem PMDB. Sou PSDB e meu nome é João Doria”, diz, com a mesma entonação com que “demitia” os participantes do reality show O Aprendiz, que apresentou entre 2010 e 2011.
“Estou mais próximo a um Michael Bloomberg, que mostrou que eficiência de gestão no setor privado pode ser reaplicada no setor público”, emenda.
O empresário americano, que tem em comum com Doria o ramo de mídia e comunicações, é hoje o 10º homem mais rico dos Estados Unidos, segundo a revista Forbes, e foi prefeito de Nova York por três mandatos seguidos.
“Um excelente prefeito”, diz o brasileiro.