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Moral seletiva e blindagem em tempos de Lava Jato

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Há um grande acordo na Câmara de blindagem a Eduardo Cunha: os mesmos que aplaudem a Lava Jato – e com razão – quando ela atinge o PT, calam-se quando ela chega no ‘núcleo parlamentar’. É um escândalo que apenas o PSOL tenha cobrado o afastamento de Cunha. Por muito menos, outros se licenciaram de suas funções

Moral de ocasião, ética seletiva: Eduardo Cunha sofre pesadas acusações de recebimento de propina, mas recebe blindagem pontual no Congresso

por Chico Alencar*

Há um grande acordo na Câmara de blindagem a Eduardo Cunha: os mesmos que aplaudem a Lava Jato – e com razão – quando ela atinge integrantes do PT, calam-se – com um silêncio hipócrita – quando ela chega no ‘núcleo parlamentar’. Os jatos da Operação param no lago e nas barreiras de ‘proteção’ ao Congresso Nacional!

Na Câmara, é um ESCÂNDALO que APENAS o Psol tenha cobrado, na reunião de líderes e em plenário (ontem, 4), o afastamento de Cunha, que sofre pesadas acusações de recebimento de suborno. Por muito menos, tanto titulares do Executivo quanto da Mesa Diretora da Câmara, em passado não muito distante, licenciaram-se de suas funções de mando até que tudo fosse esclarecido – na maioria das vezes, em desfavor dos acusados.

Esse mar poluído de cumplicidades nega a representação popular. Os discursos ‘moralizadores’ de muitos são de boca pra fora: só quando lhes convém. Essa conivência aética, que vai do PT (que bajula Cunha por medo do impeachment de Dilma) ao PSDB (que tem seus mensalões e seus acordos oportunistas), passando por TODOS os demais partidos com bancadas na Câmara, vai gerar imensos constrangimentos em breve: quando, daqui a alguns dias, vierem os indiciamentos do Ministério Público, com provas substantivas contra aqueles que o STF, certamente, tornará réus. E aí, o que dirão os que agora, com ‘cara de paisagem’, nada falam – exceto para repudiar o nosso ‘radicalismo’?

Ser antiDilma e contra esse governo destrambelhado – de Levy e Temer, na verdade – não é aval ético para ninguém.

Não nos consola o fato de o Psol ter feito, desde sempre, propostas preventivas, de resguardo do já tão desgastado Parlamento – bom em ‘acertos’ ocultos, péssimo em cortar na própria carne.

Que o Ministério Público faça hoje uma bela eleição, com indicação pela Presidente da República do mais votado. E que o Senado não cometa o desatino de rejeitar ou protelar essa escolha, para retaliar o PGR e defender as Excelências investigadas.

Seguiremos na luta, ainda que momentaneamente isolados (aqui, não nas ruas e no sentimento de boa parte da população): “GLÓRIA A TODAS AS LUTAS INGLÓRIAS!”.

*Chico Alencar é Professor de Prática do Ensino de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), autor de 25 livros e deputado federal pelo PSOL (RJ)

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