O tragicômico, a esperança e a luta
André Falcão*
Depois do quantitativamente mirrado, mas qualitativamente gigantesco espetáculo de horror e riso — seria cômico se não fosse trágico, não raro com manifestações de incitação ao crime, mas certamente vergonhoso — patrocinado no último dia 16/08 por parcela das classes média e alta brancas deste país, resta-nos refletir sobre o grau de analfabetismo político nacional, a despeito dos trinta anos contínuos da nossa jovem democracia, bem como a constatação do ódio e do fascismo recrudescidos. Claro, há uma penca de inocentes úteis, presas de sua própria ignorância e de uma oposição e mídia de magnatas, cínicas e inescrupulosas. Mas nos restam, principalmente, a reação e a resistência, afinal a democracia e o estado de direito nos são muito caros.
Nesse sentido, a reação deve pautar-se, neste momento, pela ida às ruas no próximo dia 20/08, defender o governo legitimamente eleito de Dilma Rousseff. As razões são várias, e aqui não seria possível comportá-las, todas. Ainda assim, é possível citar algumas.
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Primeira: não há nada contra a presidenta que pudesse sujeitá-la à insana pretensão de impeachment. Nada. A corrupção, palavra gasta, mas ainda hoje levantada pela tão irresponsável quanto incompetente direita brasileira contra todos os poucos presidentes progressistas que já passaram por nosso país, continua servindo de discurso de cooptação de inocentes úteis analfabetos políticos, bem como de cínicos corruptos, graúdos ou anões, que têm a cara de pau de vociferar contra ela. Assim foi com Vargas, Juscelino e Jango. É assim com Dilma, ainda que, junto com o de Lula, tenham sido os governos que mais combateram a corrupção em toda a sua história. A corrupção vai existir, sempre; o combate está existindo, agora.
Outras: fora todos os benefícios sociais e econômicos auferidos pelo país nos últimos 14 anos, é fato que se vive hoje uma crise econômica, mas não o é menos que é também suportada por todos os grandes países do mundo, e em grau muitíssimo mais acirrado. Basta ver-se o que está acontecendo na Europa, pelo que passaram os EUA, e o que vem experimentando a China. De outro lado, quem essa turba insana gostaria que governasse o país no lugar de quem venceu legitimamente as eleições? Aécio? Bolsanaro? Ora, não me faça rir. Se não tem um bom lavado de roupa para distrair essa mente ociosa e confusa, ao menos vá estudar. Há bons livros de história no mercado. Afinal, se não sabe brincar, e essas são as regras do jogo, não desça para o play.
*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político