PT ou PSOL, quem bajulou mais a Globo no Senado?
Diante de João Roberto Marinho, senadores dos mais diferentes campos ideológicos, inclusive do PSOL e do PT, se revezaram na tribuna para reverenciar as Organizações Globo. Nenhum parlamentar ousou tecer uma crítica sequer à emissora
Em sessão especial para comemorar o aniversário de 50 anos de fundação da TV Globo nesta quarta-feira (5), diversos senadores discursaram em homenagem à emissora diante de João Roberto Marinho, filho e herdeiro do legado de Roberto Marinho.
Ronaldo Caiado (DEM-GO) foi o autor do requerimento para a realização da sessão especial e exaltou as qualidades que sua visão particular de mundo enxergam na emissora.
”Vivemos um momento difícil e turbulento da vida nacional, particularmente no que diz respeito às incertezas que têm marcado a economia e a política do país. Ocasiões como essa serão inspiradoras de coragem a partir do exemplo que observamos na história da Globo”, afirmou.
PSDB, PT e PSOL
Frente aos holofotes do maior grupo midiático do país, senadores dos mais diferentes campos ideológicos se revezaram na tribuna para reverenciar as Organizações Globo. De José Serra (PSDB-SP) a Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), passando por Marta Suplicy (Sem partido-SP) e Jorge Viana (PT-AC).
Randolfe Rodrigues, do PSOL, disse: “Poucas empresas no mundo atingem 100% do território nacional. Nenhum outro canto do mundo tem uma emissora de televisão que é produtora de novelas mas também incentivadora de talentos. Na Rede Globo há sempre o espaço para o novo. Às vezes nos bate muito o complexo de vira-latas. Quando nós temos um patrimônio superlativo, isso é motivo de orgulho para o Brasil” (vídeo abaixo).
Jorge Viana, do PT, afirmou que a Globo “cresceu contando histórias” e ocupou um espaço de destaque no país “fazendo uso de tecnologia, de gente competente. Só tem sucesso quem conta boas histórias ou quem interpreta boas histórias”.
Nenhuma crítica
A propósito, nenhum dos 81 membros do Senado teceu uma crítica sequer à emissora. Nenhum deles lembrou a infração à legislação brasileira que significou a criação da TV Globo, a partir de um acordo com o grupo estrangeiro Time-Life, o que era proibido na época. Fato que, inclusive, chegou a motivar um pedido de CPI do parlamento, posteriormente engavetada.
Nenhum parlamentar ousou recordar o quanto a emissora deu sustentação à ditadura que torturava e assassinava brasileiros, a ponto do general Emilio Garrastazu Médici dizer que dormia feliz todas as noites depois de assistir o Jornal Nacional e constatar que, enquanto no mundo pipocavam greves e manifestações, tudo ia bem no Brasil.
Nenhum senador citou que a Globo, durante a campanha pelas Diretas Já, omitiu dos seus telespectadores a existência do movimento político, chegando a registrar uma grande passeata realizada em São Paulo como festividade em comemoração ao aniversário da cidade.
Os parlamentares também não recordaram a edição do debate final da campanha presidencial de 1989 que favoreceu o então candidato Collor de Mello, hoje também senador por Alagoas . Ou qualquer outro exemplo, dentre muitos, do quanto e como a emissora tomou partido e tentou direcionar os votos dos brasileiros em todas as eleições democráticas.
Também não criticaram o monopólio midiático brasileiro, do qual as Organizações Globo , também proprietária de rádios, jornais, revistas e canais de TV a Cabo, são a principal representante.
No parlamento de um Brasil cada vez mais hostil e polarizado, a TV Globo foi tratada como uma unanimidade que ela não é. Afinal, nas ruas e nas redes, crescem cada vez mais os protestos contra a parcialidade do grupo midiático que continua apoiando o grupo político que sustenta a defesa dos seus interesses empresariais.
Filho e herdeiro do legado de Roberto Marinho, o vice-presidente Institucional e Editorial do Grupo Globo, João Roberto Marinho, agradeceu tamanho apoio e reconhecimento no mesmo clima de desapego à verdade e aos fatos históricos.
“A TV Globo não defende partidos, não defende religiões, não defende formas de comportamento, não defende formas de agir. O que fazemos é acompanhar as mudanças da sociedade com as contradições que essas mudanças acarretam”, afirmou.
Vídeo:
com informações de Najla Passos, Carta Maior