André Falcão*
De um lado, o Mensalão do PT. Agentes públicos, políticos ou não, e privados, julgados e condenados pelo STF. Vou me abster de analisar o que para muitos, e indescupavelmente para advogados, juízes, membros do ministério público, bacharéis, etc., seriam apenas insignificantes detalhes, tais como condenações sem prova ou fundadas em premissas falsas — de que é exemplo a de que a Visanet seria uma empresa pública —, julgamento de pessoas sem foro privilegiado — entendimento válido apenas para aquele processo —, entre muitos outros que enodoaram para sempre a história daquela Corte.
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Da mídia, por sua vez, sofreu inédita cobertura: diuturnamente, por anos a fio, as investigações, primeiro, e o julgamento, depois, foram massivamente cobertos pela grande mídia. Aqui também vou me permitir passar ao largo de questões que moldaram para a posteridade a face do jornalismo tupiniquim, a exemplo dos interesses político-partidários expostos às escâncaras, como corolário da matéria-prima fornecida semanal e despudoradamente por alguns juízes da aludida Corte em sua TV, no bojo de algo mais afeito ao teatro e prenhe de juízos de valor.
Do outro lado, o Mensalão do PSDB. Mais antigo que seu desafortunado primo, e recheado de provas contra seus agentes públicos e privados. Probabilidade de julgamento antes de prescreverem os crimes respectivos: próxima à zero.
Marchando em fileira paralela, a grande mídia tupiniquim, seguindo caminho diametralmente oposto àquele em pinceladas desenhado alhures: silêncio e proteção.
Mais modernamente, fomos apresentados à Operação Lava-Jato, ou Petrolão. No judiciário, a delação premiada é alçada a valor probante isolado, embora negado, e o protagonismo tem novel herói eleito pela mídia grande, interpretando o papel com indisfarçáveis deslumbramento, soberba, medievalismo e parcialidade. O MPF, por sua vez, enquanto sai à caça de algo para implicar Lula, que nunca foi sequer referido em nada, arquiva inquérito contra Aécio Neves, citado pelo doleiro Youssef. Onde? Em delação premiada.
Para a mídia, por sua vez, é irrelevante que políticos ligados ao PSDB, a exemplo de Aécio Neves, José Serra e Aloysio Nunes tenham sido citados em delações que tais. O que importa é o selo PT. Tem? Repercuta-se. Não tem. Omita-se.
Comparar isto que vemos, porque temos olhos pra ver, com a Operação Mãos Limpas, da Itália, é um escárnio. Além dos mal intencionados e cúmplices, somente os incautos e ignorantes a engrossar-lhe o coro.
*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político
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