O bate-boca entre Tasso Jereissati e Lindbergh Farias
Lava Jato: Tasso acusa Lindbergh, que reage: ‘Vai pedir desculpas’. A discussão era sobre política externa, mas tucano deixa diplomacia de lado e acusa colega de receber dinheiro da Petrobras. O petista reagiu: “Vossa excelência perdeu o senso”. Assista ao vídeo
Os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Lindbergh Farias (PT-RJ) discutiram de maneira áspera (vídeo abaixo), nesta quinta-feira (3), em reunião na Comissão de Relações Exteriores (CRE) e Defesa Nacional do Senado.
Estava em curso uma audiência pública para debater a política externa do país, com a participação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, quando Tasso atribuiu a Chico Buarque, equivocadamente, uma declaração que o cantor e compositor fez contra a gestão tucana à frente da Presidência da República (leia mais abaixo).
No vídeo abaixo, petista e tucano travam uma disputa ideológica sobre a postura do Brasil em âmbito internacional, mas o tema da Operação Lava Jato logo surgiu. À medida que a discussão esquentava, Tasso deixou a diplomacia de lado e acusou o colega de receber dinheiro da Petrobras.
Embora não esteja entre os primeiros denunciados ao Supremo Tribunal Federal (STF), Lindbergh é um dos investigados do núcleo político que, segundo a Polícia Federal, atuava no esquema de fraude em contratos com a Petrobras. Lindbergh reagiu com indignação.
Tudo começou justamente com o ligeiro equívoco de Tasso Jereissati a respeito da fala de Chico Buarque, conhecido pela identificação com o governo do PT e, de maneira geral, com a chamada ideologia de esquerda. “Chico Buarque disse que a presidente Dilma fala grosso com os Estados Unidos e fala fino com a Bolívia, alguma coisa desse tipo. Essas bravatas criaram um clima que a gente…”, discursava o tucano, imediatamente interrompido pelo petista.
“Não! O que ele [Chico] disse é que vocês falavam grosso com a Bolívia e fino com os Estados Unidos. Essa foi a afirmação do Chico Buarque”, rebateu Lindbergh.“Não, foi não. Foi literalmente…”, tentou continuar Tasso, novamente interrompido.
“Foi! Foi literalmente que os tucanos falam grosso com a Bolívia e fino com os Estados Unidos”, insistiu Lindbergh, com razão em relação ao teor da fala do artista. “É que a política externa de vocês era dependente dos Estados Unidos, esse é o ponto.”
A partir daí a animosidade se instalou na CRE. Depois de alguma discussão com outros participantes da audiência, Tasso e Lindbergh voltaram a se estranhar quando o petista atentou para a “defesa impressionante” que o tucano estaria a fazer dos Estados Unidos, como parceiro estratégico do Brasil. Tasso, que já havia criticado a postura “estudantil anti-imperialista” personificada em Lindbergh, começou a alterar o tom da argumentação. Por outro lado, o petista também demonstrava irritação em suas intervenções.
“Eu não sou a pessoa mais indicada para pedir um pouco de calma a todos. Porque, muitas vezes, eu baguncei reuniões presididas por vossa excelência na CAE [Comissão de Assuntos Econômicos]. Vamos esperar, vossa excelência terá a palavra em seguida”, interveio o presidente do colegiado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), dirigindo-se a Lindbergh e deixando escapar risos nervosos, na tentativa de apaziguar os ânimos.
Vídeo (a partir dos 12 minutos e 30 segundos):
Congresso em Foco