"Eu não consigo dizer quanta saudade eu senti. Chorei tanto pensando em nós dois que não há mais lágrimas em mim". Casal separado pela guerra das Coreias ainda na juventude se reencontra após 65 anos
“Vamos nos encontrar novamente depois da vida”.
Foi com essas palavas que Oh In Se, um norte-coreano de 83 anos se despediu da sua mulher nesta quinta-feira (22).
“Seja saudável”, respondeu ela. “Viva muito”.
O casal ficou separado por 65 anos até essa semana, quando se reencontraram em uma breve reunião na Coreia do Norte. Eles provavelmente nunca mais irão se ver. As informações são do Huffington Post.
A mulher de Oh, Lee Soon-kyu, 85, é uma das 400 pessoas da Coreia do Sul que cruzaram a fronteira entre os dois países na terça-feira (20) para encontrar membros da família que estão separados desde a guerra, que durou de 1950 e 1953. Apenas dois dias depois do reencontro, as famílias tiveram que se separar outra vez.
“Por favor, crie bem o nosso filho e abra sua mente”, disse Oh à sua mulher, enquanto estendia a mão pela janela do ônibus para o último adeus.
Segundo a Associated Press, Oh tinha 17 anos e Lee 19 quando eles se casaram, em 1949. Apenas sete meses depois, eles foram separados pela guerra. Na ocasião, Lee estava grávida do primeiro filho do casal, Jang-kyun.
Durante o encontro dos dois, Oh disse à sua mulher que nunca parou de pensar nela. Lee, que não se casou novamente, disse que também sente o mesmo pelo marido.
“Eu não consigo dizer quanta saudade eu senti”, ela disse, segundo o Sydney Morning-Herald. “Eu chorei tanto pensando em nós dois que não há mais lágrimas em mim”.
Outras histórias
A história dos dois não foi a única. Muitos outros relatos emocionados emergiram no evento dessa semana, que foi organizado pela Cruz Vermelha.
O reencontro entre os moradores da Coreia do Norte e da Coreia do Sul são muito raros. Apenas 20 foram organizados desde 2000, e apenas uma pequena parcela dos candidatos consegue, de fato, rever seus parentes.
Até hoje, cerca de 130 mil pessoas se candidataram a participar das reuniões, mas metade delas já morreu.
Os encontros são uma possibilidade única na vida de muita gente que deseja rever parentes que estão do outro lado da fronteira. Os serviços de comunicação entre as duas Coreias continuam proibidos.
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