CPI da Petrobras deve terminar em pizza
Iniciada em março e presidida por Hugo Motta (PMDB-PB), apadrinhado de Eduardo Cunha, CPI da Petrobras chega ao fim nesta semana sem pedir indiciamento de qualquer político acusado de envolvimento com o esquema de corrupção na estatal. Só em viagens, CPI gastou R$ 373 mil
Apesar do surgimento de novas denúncias contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a CPI da Petrobras, iniciada em março, deve chegar ao fim nesta semana sem pedir indiciamento de qualquer político acusado de envolvimento com o esquema de corrupção na estatal.
Caso seja encerrada antes do prazo, na próxima sexta-feira (23), a comissão não terá aprovado requerimento, como querem deputados como Ivan Valente (Psol-SP), para que Eduardo Cunha dê esclarecimentos sobre a contas não mais secretas que ele nega ter na Suíça.
A situação do deputado se complicou depois que, nos últimos dias, até passaporte com sua assinatura foi revelado por autoridades do país europeu, onde o parlamentar teria movimentado milhões de dólares e francos suíços sem declaração à Receita Federal.
Segundo os investigadores suíços, que repassaram os dados à Procuradoria-Geral da República, há indícios de os recursos sejam propina – como, aliás, confirmaram delatores da Lava Jato, entre eles Fernando Baiano, tido como operador do PMDB no esquema de corrupção. Cunha, que compareceu espontaneamente à CPI da Petrobras, em 12 de março, negou a existência de contas em seu nome no exterior e o recebimento de “qualquer vantagem”.
Com o provável fim da CPI nesta semana, o colegiado não terá atendido aos propósitos de sua criação – auxiliar o Ministério Público e a Polícia Federal nas investigações sobre os desvios na Petrobras. Longe disso, na opinião da deputada Eliziane Gama (Rede-AM), que é membro da comissão: para a parlamentar, a CPI resultou em um acordão para salvamento mútuo entre PT e PMDB.
Dominada por aliados de Cunha, a maioria do PMDB, a CPI da Petrobras centrou fogo no PT e no governo Dilma Rousseff, blindando o presidente da Câmara. A ofensiva da maioria peemedebista teve até ameaça de convocação do ex-presidente Lula, como forma de constranger a própria presidenta.
Gastos com viagens
A CPI teve um gasto de R$ 373 mil em despesas operacionais, como passagens aéreas, diárias e traduções simultâneas, nos seus oito meses de atividade.
Desse valor, os principais gastos foram com viagens dos deputados e depoentes. A comissão já fez viagens a Londres –onde ouviu o ex-executivo da holandesa SBM Offshore Jonathan David Taylor— e a Curitiba, onde foram ouvidos executivos presos das empreiteiras investigadas. Boa parte dos investigados ouvidos no Paraná ficou calada durante os depoimentos.
Algumas testemunhas convocadas a depor também tiveram a viagem paga pela comissão. Por outro lado, em algumas dessas viagens, os deputados membros da CPI custearam as passagens por meio de sua cota parlamentar, o que fez com que não houvesse um gasto extra para a comissão.
com informações de Congresso em Foco