Suíça bloqueia R$ 9,6 milhões em contas de Eduardo Cunha. Os recursos estavam aplicados em fundos de investimento do banco Julius Baer por meio de empresas de fachada que tinham Cunha, sua esposa e uma das suas filhas como beneficiários finais
Autoridades da Suíça bloquearam US$ 2,4 milhões, o que equivale a R$ 9,6 milhões, em contas secretas ligadas ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O banco Julius Baer confirmou que o dinheiro está aplicado em fundos de investimento, por meio de quatro contas em nome de empresas offshore que possuem como beneficiários finais o peemedebista, a esposa e uma das filhas do deputado. As informações foram inicialmente divulgadas pela Folha de S.Paulo.
De acordo com a reportagem, ainda não está esclarecido quem movimentava as contas, se era o próprio Cunha ou procuradores. Os ativos no banco europeu ligados a Cunha não aparecem no imposto de renda do deputado.
As informações prestadas pelo banco revelaram que o valor depositado é menor do que o mencionado pelo delator Júlio Camargo, que disse, em depoimento de delação premiada, ter pagado US$ 5 milhões em propina para o deputado. As contas confirmam outro depoimento prestado às investigações da Operação Lava Jato. O lobista João Augusto Henriques, suposto operador do PMDB, disse ter feito depósitos em conta de Cunha no exterior.
Os recursos foram bloqueados em abril, quando o banco Julius Baer suspeitou da origem do dinheiro e reportou a possível ilicitude ao procurador-geral da Suíça, Michael Lauber. Após o episódio, o Ministério Público instaurou inquérito contra Cunha por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
O material recolhido com a investigação compõe um dvd, enviado do Ministério Público da Suíça à Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília. Entre os documentos, estão os extratos das contas bancárias, a documentação completa para abertura das contas, cópias de documentos e comprovante de endereço dos beneficiários finais. O conteúdo chegou à PGR na tarde desta quarta-feira (7).
Cunha mentiu na CPI
No dia 12 de março de 2015, Eduardo Cunha compareceu de livre e espontânea vontade à CPI da Petrobras e negou com veemência que tivesse recursos depositados na Suíça ou em algum paraíso fiscal.
Em determinado momento, o deputado delegado Waldir (PSDB-GO) perguntou a Cunha se ele tinha contas na Suíça ou em outro paraíso fiscal.
— Não tenho qualquer tipo de conta em qualquer lugar que não seja a conta que está declarada no meu Imposto de Renda — respondeu Cunha, de forma enviesada.
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Agora, o presidente da Câmara poderá responder por quebra de decoro parlamentar e ser cassado por ter mentido na CPI.
com Congresso em Foco
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