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Eduardo Cunha deveria seguir o exemplo de Romário

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Suíça bloqueia e envia ao Brasil detalhes de conta secreta que seria de Eduardo Cunha. Questionado, o presidente da Câmara se negou a dizer se ele e familiares são os donos das contas bancárias. Por que Cunha não segue o exemplo de Romário?

Suíça bloqueia e envia ao Brasil detalhes de conta secreta que seria de Eduardo Cunha (divulgação)

Autoridades da Suíça enviaram ao Brasil dados de contas secretas que, segundo a Procuradoria-Geral da República, são do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e de familiares. A descoberta da conta ocorreu após a realização de um pente-fino nas transações de operadores do esquema de corrupção na Petrobras.

Os dados das contas secretas que teriam Cunha como beneficiário já foram repassados ao Ministério Público Federal no Brasil, assim como os detalhes de quem fez depósitos. As autoridades suíças prometeram divulgar mais informações em breve.

Nesta quarta-feira (30), Cunha voltou a se negar a dizer se ele e familiares têm contas bancárias na Suíça.

“Querido, eu não vou comentar. Na medida que dizem que tem alguma coisa, vamos esperar que apareça. Não vou comentar, não vou cair na armadilha de dar para você qualquer tipo de lide [principal informação de uma reportagem] dessa situação”, afirmou Cunha, em entrevista coletiva.

Para o jornalista político Paulo Nogueira, se honesto fosse, Cunha deveria seguir o exemplo de Romário. Acusado recentemente — e de maneira leviana — pela revista Veja de ter R$ 7,5 milhões em conta secreta na Suíça, o senador pelo PSB foi até o país europeu e provou que a revista estava mentindo (relembre aqui).

“Por que Eduardo Cunha não faz como Romário e vai para a Suíça provar que não são suas as contas que lhe são atribuídas? Bem, porque não dá. Simplesmente não dá. Não que houvesse dúvidas, mas Cunha reforçou as certezas ao dizer, numa coletiva na noite de ontem, que se recusava a falar sobre elas”, escreve Nogueira, em texto publicado no DCM.

Confira outros trechos do texto:

Por que Cunha não faz na Suíça o que tem feito costumeiramente no Brasil, manobrar nos bastidores para mudar uma decisão?

Ele fez isso, no Congresso, mais de uma vez. E agora, praticamente com a tornozeleira nos pés, trama para desfazer uma decisão conjunta do Planalto e do STF para por fim ao financiamento privado de campanhas.

A gambiarra seria uma PEC que, como por mágica, permitiria a continuação da fonte original de corrupção no país – o dinheiro que as empresas colocam em seus candidatos.

Eduardo Cunha simboliza isso. Sem esse dinheiro ele não seria nada.

O financiamento privado é a forma como a plutocracia toma a democracia.

O caso das contas na Suíça serve também para uma conclusão pouco engraçada.

É uma vergonha para a mídia, para Moro, para a PF e para Janot que o golpe fatal em Cunha tenha vindo dos suíços. Sinal do despudor da imprensa, um colunista da Veja escreveu que espera que Cunha derrube Dilma antes de ser preso.

(…)

Romário, com sua viagem à Suíça, criou um padrão de conduta para reagir a assassinatos de caráter como o que sofreu da Veja.

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