Ministério Público da Suíça revela que dinheiro de Eduardo Cunha circulou por 23 contas bancárias no exterior como forma de ocultar sua origem. Recursos transitaram por bancos em Cingapura, Estados Unidos e Benin
Investigação do Ministério Público da Suíça mostra que os recursos atribuídos ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), circularam por ao menos 23 contas bancárias no exterior como forma de ocultar sua origem. Entre saques e depósitos que abasteceram as quatro contas em nomes de offshores atribuídas ao deputado, os ativos transitaram por bancos em Cingapura, Suíça, Estados Unidos e Benin.
As autoridades brasileiras, que receberam documentos sobre o suposto esquema de lavagem de dinheiro, tentam rastrear a fonte da maior parte dos valores. A suspeita é de que também tenham sido desviados de outros contratos públicos. Cunha nega ter contas fora do País.
As quatro contas atribuídas ao presidente da Câmara e à mulher dele, Cláudia Cordeiro Cruz, não declaradas à Receita, receberam R$ 23,2 milhões, segundo a Suíça. Documentos enviados pelas autoridades do país comprovam que um negócio de US$ 34,5 milhões fechado pela Petrobras em 2011 no Benin, na África, serviu para irrigar as quatro contas.
Em nota à imprensa, advogados de Cunha afirmam que o parlamentar não foi notificado nem teve acesso a nenhum procedimento investigativo que tenha por objeto atos ou condutas de sua responsabilidade. A afirmação é resposta ao envio, pela Suíça, de dados da investigação sobre irregularidades em contas bancárias no país atribuídas a Cunha e familiares.
“Sem que isso signifique a admissão de qualquer irregularidade, é de se estranhar que informações protegidas por sigilo – garantido tanto constitucionalmente como também pelos próprios tratados de cooperação internacional – estejam sendo ostensivamente divulgadas pela imprensa, inclusive atingindo pessoas que sequer são objeto de qualquer investigação, sendo que a única autoridade com acesso a tais informações, segundo o que também se noticia, seria o Procurador Geral da República”, diz texto dos escritórios Garcia de Souza Advogados e Reginaldo Oscar de Castro.
‘É grave que um acusado de ser ladrão presida a Câmara’
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) disse que é “grave para a democracia” que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) continue na presidência da Câmara dos Deputados apesar de todas as indicações de que ele teria recebido propina no esquema investigado pela operação Lava Jato.
“É grave para a democracia que esteja na presidência da Câmara alguém que está formalmente denunciado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Ou seja, alguém que, em outras palavras, está acusado de [ser] ladrão”, disse Jean.
Lava Jato
Desde julho, Cunha é alvo de acusações feitas por delatores do esquema investigado pela operação Lava Jato, que apura desvios de recursos da Petrobras e outras estatais. Em agosto, Cunha foi denunciado pela PGR por lavagem de dinheiro e crime de corrupção. Ele é suspeito de ter recebido pelo menos US$ 5 milhões em propinas do esquema da Lava Jato.
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Em depoimento à CPI da Petrobras em março deste ano, Cunha negou ter contas no exterior. Após as revelações sobre suas contas na Suíça, Cunha evita falar sobre o assunto e emitiu uma nota na qual reiterou seu depoimento à CPI.
Agência Estado
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