“Minha melhor amiga casou com o homem que me estuprou. Não poderia entrar na igreja, no dia do casamento dela, sabendo que isso poderia ocorrer de novo”. Caso foi denunciado, mas noiva não acreditou e ficou ao lado do agressor — posteriormente condenado a 7 anos de prisão. Namorado da vítima cometeu suicídio
E se, pouco antes do casamento, uma de suas melhores amigas e uma das madrinhas da cerimônia lhe contasse que seu noivo a estuprou? O dilema real aconteceu na vida de duas amigas inglesas, após uma delas revelar ter sido violentada pelo noivo da amiga no quarto ao lado do que o casal estava.
A mulher, que não quis ser identificada, contou ao diário inglês Daily Mirror que estava hospedada na casa dos dois para ajudar nos preparativos da festa. Numa noite, enquanto a amiga dormia, o namorado invadiu o quarto ao lado em que ela estava hospedada e a violentou.
Após ir a um hospital no dia seguinte e reportar o que havia acontecido à polícia, a vítima decidiu que deveria alertar a amiga. “Eu fiz isso, em primeiro lugar, para protegê-la”, contou ao Mirror. “Não poderia entrar na igreja, no dia do casamento dela, sabendo o que tinha acontecido e que isso provavelmente poderia ocorrer de novo.”
No entanto, a noiva não acreditou na amiga e ficou do lado do namorado, que afirmou que ela tinha inventado a história por ter inveja da relação dos dois. Ele também acusou a vítima de ter usado um acessório sexual encontrado na gaveta do quarto onde estava hospedada – o que mais tarde a investigação mostrou ter sido colocado no local como “evidência”.
Mesmo depois de exames mostrarem a presença de sêmen do homem na vítima, ele alegou que havia usado o acessório sexual semanas antes e esta seria a explicação.
O casal decidiu seguir adiante com o casamento, que aconteceu apenas três semanas antes do julgamento. Daniel Howard, médico das Forças Armadas de 29 anos, foi condenado a sete anos de prisão por estupro. “Mesmo diante da evidência mais do que claras dos exames de DNA mostrando o contrário, você continuou a negar o que houve. Esta tentativa de humilhar sua vítima só ressaltou o mal que você causou a ela”, disse o juiz durante a sentença.
Ao longo do processo, a inglesa conta que não só sua amizade de longa data com a noiva acabou, como todo o grupo de amigos se dividiu sobre o caso. Pior que isso: a violência de que foi vítima acabou com sua própria relação.
No dia do ataque, ela tentou ligar várias vezes para o namorado, que estava com o celular desligado. Desamparada, foi sozinha a um hospital, onde enfermeiras avisaram do caso à polícia. Ao saber de tudo no dia seguinte, o namorado não conseguiu mais se perdoar.
“Ele nunca mais se perdoou por isso. Ele sempre foi muito preocupado comigo e nem conseguia dormir quando eu dormia fora. Meses depois do fim do namoro, o rapaz cometeu suicídio.
“Ainda que eu ache que várias coisas contribuíram para isso, o caso teve um grande impacto sobre ele. O estupro me tornou um pesadelo de namorada. Ele nunca conseguiu lidar com algo como isso”, diz a jovem de 26 anos, diagnosticada com estresse pós-traumático.
“Nunca consegui entender por que isso aconteceu. Ele amava minha amiga e ela o amava”, diz. “Me culpei muito tempo até começar a fazer terapia. Achava que as roupas que tinha usado eram provocativas, depois passei a achar que eu era muito parecida com minha amiga.”
Sem a melhor amiga e o namorado, a inglesa conta que o ataque, em fevereiro do ano passado, acabou com seus planos futuros. “Eu estava pronta para comprar minha casa, mas depois não me sentia confiante para morar sozinha. Tenho medo que alguém invada a casa e me ataque de novo sem que ninguém saiba. Tinha um emprego que eu amava, uma relação incrível, um futuro brilhante.”
Agora, diz ela, tudo que quer é esquecer o episódio. “Me sinto muito ferida. Minha irmã mais nova se tornou a mais velha, é ela que tem me amparado.”
Marie Claire
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