PMs mataram 23 inocentes por vingança, conclui investigação
Policiais queriam vingança e mataram 23 inocentes na Grande São Paulo. Corregedor da PM reconhece que a inocência das vítimas torna os crimes ainda mais cruéis
A investigação da Polícia Civil e da Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo aponta que pelo menos nove agentes de segurança — oito PMs e um guarda civil — se envolveram com as mortes de 23 pessoas em Osasco, Barueri, Carapicuíba e Itapevi, na Grande São Paulo, entre os dias 8 e 13 de agosto. Além disso, também são acusados de mais sete tentativas de homicídio. O motivo da matança seria a vingança pelos assassinatos de um PM e de um guarda civil de Barueri. No entanto, as vítimas eram inocentes.
“Nenhuma das vítimas tinha relação com as mortes do PM e do guarda civil”, afirmou o secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Alexandre de Moraes. O corregedor da PM, coronel Levi Félix, reconheceu que a inocência das vítimas torna os crimes ainda mais cruéis.
Quando da ocorrência da chacina, entretanto, o secretário chegou a contestar a hipótese de que havia indícios de participação de policiais nos crimes. Testemunhas diziam que os assassinos usavam coturnos e perguntavam às vítimas sobre antecedentes criminais antes de atirar. “Essas informações não são indícios da participação de policiais. É típico de quem quer fingir que é policial”, declarou Moraes à época, embora o envolvimento de policiais já fosse investigado.
Um dos policiais militares presos nesta quinta-feira (8) é réu acusado de participar de uma chacina na região em 2013. Moraes afirmou que pensa em fazer mudanças no comando da PM em Osasco.
Todos os PMs presos serão indiciados. No total, 11 pessoas foram presas na operação realizada nesta quinta-feira (8): dez PMs — dois por porte ilegal de armas — e um guarda.
A apuração prosseguirá, e o corregedor Félix disse que outros PMs podem ser presos. “Não dá para precisar quantas pessoas estão envolvidas nos crimes”. Félix e a diretora do DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa), Elisabete Sato, ressaltaram a dificuldade de investigar o caso. Segundo Félix, os envolvidos “deixaram poucos rastros”.
Exames de balística foram fundamentais para identificar o uso de determinadas armas em mais de um local onde foram praticados os homicídios.
UOL e Abr