Camila Moraes, EL País
Mais uma campanha em prol da integridade feminina foi lançada nos últimos dias nas redes sociais, aproveitando o engajamento esperado nesta quarta-feira, 25 de novembro – dia de luta mundial contra a violência contra as mulheres e de novos protestos no Brasil contra o projeto de lei que dificulta o acesso à pílula do dia seguinte em postos públicos.
Com a hashtag #MeuAmigoSecreto, as mulheres querem agora denunciar o comportamento incoerente de pessoas de sua convivência – aquelas que não se julgam machistas ou preconceituosas, mas são.
A primeira grande iniciativa do gênero foi a campanha #MeuPrimeiroAssédio, que se tornou viral no fim de outubro, quando milhares de pessoas se mobilizaram nas redes para contar suas histórias de abuso na infância e na adolescência.
Esse novo movimento usa a tradicional brincadeira do Amigo Oculto, comum durante a troca de presentes de fim de ano, para mostrar como muitas pessoas têm comportamentos que contrariam a imagem que querem passar para os amigos. “Denuncie o machismo”, pede a página criada para receber denúncias no Facebook.
“#MeuAmigoSecreto adora sexo, mas acha que, se a mulher quer transar no primeiro encontro, não serve pra namorar, afinal, se ela transa de primeira, ela é uma puta”, diz um dos relatos. “#MeuAmigoSecreto é cristão, antifeminista, ‘pró vida’ e casado… Mas, quando a amante engravidou, procurou cytotec (pílula abortiva) até na China” ou “#MeuAmigoSecreto vive perguntando: ‘Por que você é feminista, se as mulheres já conquistaram tudo o que queriam?’”, dizem outros.
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Personalidades como a ex-deputada federal pelo Rio Grande do Sul e ex-candidata à presidência da República em 2014, Luciana Genro (PSOL), também aderiram à campanha.
Novamente, a potência da mobilização virtual está em visibilizar casos clássicos de machismo velado, cotidiano – especialmente violento por ser aceito e praticado. O assunto já entrou para os temas mais comentados no Facebook e no Twitter na terça-feira (24) e na quarta-feira (25) e deve render hoje mais um dia de denúncias anônimas (ou não).
“Por que será que conseguimos nos ver nas narrativas de mulheres que estão do outro lado da tela, do bairro, do país e do mundo?”, escreveu a militante Carla Vitória no blog da Marcha das Mulheres. “A resposta está numa força que rege e organiza toda a sociedade. Essa força opera sobre o trabalho, a sexualidade e os corpos das mulheres, incluindo a cabeça. E martela, martela todos os dias para que nós, mulheres, não pensemos como as sujeitas livres que devemos ser. O nome dessa força é patriarcado”.
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