Para, que eu quero descer!
André Falcão*
Embora se comemorasse, para 2015, um crescimento previsto de 2,1% e o déficit a 2,2% do PIB, o crescimento do desemprego, na ordem de 8,1%, e o sufocamento de seu modelo social eram preocupantes. Atribuía-se os reveses ao golpe “político” e ao anúncio da antecipação das eleições, fato político que não ocorria desde 1958.
Segundo importante periódico francês, o terremoto político teria a marca dos democratas (de direita), que terminaram em terceiro lugar nas legislativas de setembro; É que, em evidente revanche política—perdedores que não sabem se comportar com a altivez, o equilíbrio e o compromisso com o país que deles se espera —, deixaram o governo em minoria(a coalizão de esquerda dispunha, em fins de 2014, uma maioria apenas relativa (138 cadeiras num total de 349), frente à composta pelos democratas e partidos de oposição aliados (conservadores, centro agrário, liberais e cristão-democratas).
A crise política, pois, ao refletir na economia repercute no eleitorado, fim perseguido por seus protagonistas, talvez esquecido de que o surpreendente déficit orçamental vivido na década de 1990 (13%) não se dera como consequência da irresponsabilidade dos dirigentes políticos, como defendia a direita, mas da política de austeridade a que fora submetido o setor privado.
Ah! Referia-me à Suécia. Não por acaso, apesar das abissais diferenças com nosso jovem e secularmente explorado Brasil, é possível enxergar-se, ainda que nessa diminuta e despretensiosa análise, incríveis semelhanças.
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Aí a grande mídia me recorda que o país está indo à bancarrota. E apesar dos avisos e análises econômicas diuturnas fúnebres, parcela da sociedade não parece senti-la, o que é igualmente preocupante.
Pois bem, num arroubo de irresponsabilidade, dada a crise!, resolvi passar o feriado num desses resorts de férias, aqui mesmo nas Alagoas. Fui com sintomas depressivos pela minha manifesta prodigalidade.
Pois qual não foi minha surpresa: o hotel estava lotado, quase mil pessoas felizes da vida, bebendo, brincando, divertindo-se. Uma espécie de catarse coletiva, afinal,… estamos em monumental crise! Soube depois que a rede hoteleira de Alagoas esteve próxima de 100% de ocupação! E num é que, não me dando por satisfeito, fui inventar de me informar sobre os vôos: Deus do céu! Aeroportos do país simplesmente lotados! Conclusão: estamos todos loucos, apesar dos avisos patrióticos da grande mídia nacional e das seis famílias que a dirigem. Meus sais!
*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político