Na primeira entrevista após ser resgatado com vida, piloto russo que estava no Su-24 abatido pela Turquia conta detalhes do que aconteceu. “Quero continuar na Síria para vingar a morte do meu comandante”, desabafa
O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, confirmou nesta quarta-feira (25) que o segundo piloto do bombardeiro russo SU-24 derrubado ontem pelas Forças Aéreas da Turquia foi resgatado com vida.
“A operação foi concluída com sucesso. O piloto-capitão Konstantin Murakhtin foi levado a nossa base, são e salvo”, disse Shoigu durante uma reunião do Estado-Maior.
O primeiro piloto, que saltou de paraquedas junto com seu companheiro quando o Su-24 foi alcançado por um míssil, morreu baleado durante o pouso.
Em entrevista à agência RIA Novosti, o piloto Konstantin Murakhtin afirmou que, antes do incidente do Su-24, não houve quaisquer avisos da parte turca, nem visuais, nem através do rádio, ao contrário do que diz a Turquia.
“Na verdade, não houve quaisquer avisos. Nem de rádio, nem visuais. Não houve contato nenhum. Por isso, nós iniciámos a missão de combate em regime normal. Temos de perceber qual é a velocidade do bombardeiro e qual é do caça F-16. Se quisessem avisar-nos podiam mostrar-se escolhendo o rumo paralelo. Mas não houve nada. O míssil abateu a cauda do nosso avião de imediato. Nem o vimos para fazer uma manobra antimíssil”, afirmou o piloto russo.
Murakhtin disse que “nem por um segundo” pode admitir que o Su-24 violou o espaço aéreo turco.
“Não, não, isso é completamente impossível. O que é mais importante é que voávamos à altitude de 6 mil metros, o tempo estava bom ou, como se costuma dizer, muitíssimo bom”, afirmou o piloto respondendo à questão se ele e o seu colega podiam não ter reparado que estavam no espaço aéreo turco.
O piloto também afirmou que a tripulação do Su-24 abatido conhecia a área da tragédia do avião como os dedos das suas mãos.
“Todo o nosso voo antes da explosão do míssil era plenamente controlado por mim. Podia ver no mapa e no terreno onde estava a fronteira e onde estávamos nós. Não havia sequer um risco mínimo de entrar na Turquia”, disse o militar russo.
O piloto russo afirmou que quer continuar na Síria.
“Com certeza, espero ansiosamente que me deem alta para retornar ao serviço. Vou pedir ao comando que me deixe ficar nesta base aérea. É a minha obrigação vingar o comandante [do Su-24]”, disse Murakhtin.
O piloto sobrevivente russo disse que agora se sente bem porque os médicos militares da base de Hmeymim “fazem milagres”.
Entenda o caso
Nesta terça-feira (24), um caça russo Su-24 foi derrubado por um míssil ar-ar turco em espaço aéreo sírio. Os dois pilotos do avião conseguiram se ejetar antes de o avião cair. Um dos pilotos foi ferido quando descia de paraquedas e foi morto por fundamentalistas. O copiloto foi salvo e enviado para a base de Hmeymim.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, classificou o ato como “um golpe nas costas”.
informações de Sputniknews e Agência EFE
Acompanhe Pragmatismo Político no Twitter e no Facebook