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Você tem entre 25 e 35 anos? Então precisa assistir ‘Master of None’

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Master of None, série exclusiva da Netflix, funciona como um reflexo dos jovens que cresceram na década de 1990 e hoje encaram a vida adulta. Conheça 5 motivos que fazem da série uma das melhores de 2015

Master of None’, da Netflix, é uma das melhores séries de 2015 (divulgação)

Cleber Facchi, Brasil Post

Se você tem entre 25 e 35 anos e assistir a qualquer episódio de Master Of None vai acabar se perguntando: “Essa série foi escrita para mim, certo?”. E de fato foi. Criada, produzida e protagonizada pelo humorista norte-americano Aziz Ansari(Parks and Recreation, Buried Alive), o seriado de apenas 10 episódios e distribuição exclusiva pela Netflix funciona como um reflexo dos jovens que cresceram na década de 1990 e hoje encaram a vida adulta.

A busca permanente pelo emprego ideal, a comunicação entre pais e filhos, diferentes conflitos dentro de um relacionamento, preconceito, o medo de envelhecer e constantes diálogos entre passado e presente abastecem a sequência de quadros que caracterizam a série. A visão bem-humorada de um grupo de jovens adultos que tenta sobreviver no centro de Nova York, mas que poderia facilmente ser transportada para São Paulo, Londres, Paris ou qualquer outro grande centro urbano.

Com uma boa recepção por parte da crítica – 100% no Rotten Tomatoes e 91 no Metacritic -, e alguns dos diálogos mais divertidos da recente safra de séries, montamos uma seleção com X motivos que fazem de Master Of None uma dos melhores seriados que estrearam em 2015.

1. Uma série obre as coisas simples da vida.

Centrada no cotidiano do descendente de indianos e aspirante a ator Dev Shah (Aziz Ansari), Master of None é mais do que uma obra que acompanha as tentativas do personagem em sobreviver na tumultuada Nova York – como Girls ou 30 Rock. Trata-se de um olhar atento sobre aspectos simples da vida de qualquer indivíduo. Temas sutis, mas que acabam esquecidos ou engolidos pela correria e excesso de informações despejadas na timeline das principais redes sociais.

Logo no segundo episódio, Parents, o espectador é convidado a mergulhar na história honesta dos pais de dois dos protagonistas. Em Old People, oitavo episódio, Ansari e o co-roteirista Alan Yang, também criador da série, discutem o envelhecimento com uma naturalidade rara, jogando com a transformação do mundo sob a ótica de uma senhora idosa. Sobram debates sobre casamento, amadurecimento, criação dos filhos e outros conflitos típicos de qualquer indivíduo que acaba de iniciar a vida adulta.

2. A trilha sonora e o imenso catálogo de músicas da série.

Aphex Twin, Spandau Ballet, Mac DeMarco, Lou Reed, Johnny Cash, Serge Gainsbourg, The Cure e Depeche Mode são alguns dos artistas que abastecem a rica trilha sonora da série. De fato, o próprio título do seriado, Master of None, vem de uma música homônima composta pela dupla norte-americana Beach House.

Em entrevista ao site Pitchfork, Ansari e o produtor musical Zach Cowieafirmaram que a escolha das canções é fundamental para o desenvolvimento da história. Na mesma entrevista, Ansari conta que a série ia se chamar A Little Lost, título inspirado em uma música do cantor e compositor Arthur Russell (1951-1992) e que acaba sendo tocada no 9º episódio da série, Mornings.

Episódios como Nashville e Hot Ticket reforçam a importância da música em Master Of None. Enquanto o primeiro mostra o protagonista e a amada Rachel (Noël Wells) em um passeio pela capital da música Country, o segundo traz uma apresentação ao vivo do cantor e compositor estadunidense Father John Misty.

3. A fotografia de Mark Schwartzbard.

Diretor de fotografia da série, Mark Schwartzbard é responsável pela filmagem de todos os dez episódios da primeira temporada de Master of None. Além da boa iluminação nas cenas internas e externas, Schwartzbard optou pela utilização de apenas uma câmera durante as filmagens – como Breaking Bad e Six Feet Under -, valorizando a relação entre os personagens dentro das cenas.

Mesmo a paleta de cores da série é limitada. São tons terrosos para as filmagens noturnas e pequenas nuances de amarelo e vermelho nas cenas matutinas, criando a identidade visual que define todo o seriado.

4. O nosso mundo é o mesmo de Master of None.

Diferente de outros seriados que buscam evitar o uso de marcas famosas, criando um catálogo de produtos e anúncios publicitários próprios, Master of None dialoga com o presente. De marcas de refrigerantes e doces, passando por programas de TV da década de 1990, redes sociais – Snapchat, Twitter – e bandas – Pavement, Pixies,Father John Misty -, não faltam diálogos da série com o nosso mundo.

Você deveria conseguir um papel em Blacklist“, diz uma das personagens em determinado momento da série. De fato, citações ao sempre atualizado catálogo deséries da Netflix aparece em diferentes momentos da programa, artifício também utilizado em outras produções da marca, como a comédia Unbreakable Kimmy Schmidt. Um bom exemplo disso está no episódio em que o grupo se reúne para assistir ao seriado Sherlock, com Benedict Cumberbatch, também disponível no catálogo do serviço de streaming.

5. Preconceito, sexismo e racismo pautam Master of None.

Assim como em Unbreakable Kimmy Schmidt e Bojack Horseman, também da Netflix, Master of None é uma série em que o humor dialoga com questões de gênero e preconceito. Descendente de indianos, Asari utiliza do quarto episódio do seriado, Indians on TV Indianos na TV, em português – como uma ferramenta de denúncia contra o preconceito racial nos estúdios norte-americanos.

Em Ladies and Gentlemen, sétimo episódio da série, são as diferenças entre homens e mulheres que abastecem os diálogos. Do personagem que é pego se masturbando no metrô, passando pela disparidade salarial e empoderamento feminino, Asari e a diretora Lynn Shelton (Mad Man, New Girl) criam uma espécie de ponte para os diferentes debates que invadem a timeline do Facebook diariamente. Sobram discussões sobre homosexualidade, sexo e comportamento.

O próprio núcleo da série – composto por descendentes de imigrantes e negros -, reforça o distanciamento da série em outros programas de sucesso, em essência protagonizados por personagens brancos.