Lula diz que manobras pró-impeachment são "afronta jamais vista no País"
Durante conferência na Alemanha, Lula denuncia golpe da oposição no Brasil: "Não desceram do palanque desde que foram derrotados nas urnas em 2014. Ex-presidente também se referiu às constantes manobras de Eduardo Cunha como "afronta jamais vista no País"
Em discurso na Alemanha nesta quarta-feira (9), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff de “aventura golpista” e prometeu ir às ruas para defender o mandato de sua sucessora.
O petista falou como convidado na conferência internacional do SPD (Partido Social-Democrata da Alemanha), em Berlim. A agremiação de centro-esquerda compõe a coligação com o CDU (centro-direita) da chanceler alemã Angela Merkel.
“Vou falar do Brasil, porque não posso vir aqui e fingir que nada está acontecendo no meu pais”, afirmou Lula, acrescentando: “Nós vamos pra rua para defender o mandato legitimamente eleito da nossa presidente”.
O ex-presidente afirmou ainda que, se a cada crise econômica houvesse motivo para impeachment, “não haveria nenhum [líder] governando nenhum país no mundo hoje”.
“Achamos que é uma anomalia o que está acontecendo no Brasil, sem negar que existe uma crise econômica e política, sem negar que existe uma denúncia de corrupção no meu país”, disse.
Em seguida, Lula afirmou que a atual crise só está acontece porque o governo criou instrumentos de transparência e autonomia para as investigações. “Só tem um jeito de você não ser investigado no Brasil: é não fazer nada errado”.
AFRONTA
Lula chamou a votação para a formação da comissão do impeachment – cheia de manobras do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de “afronta jamais vista no País”. A votação foi considerada ilegítima pelo Supremo Tribunal Federal.
“Ontem seria votada uma comissão que analisaria o impeachment… 62 nomes foram indicados pelos partidos. E o presidente da Câmara, numa afronta jamais vista no País, não aceitou a lista apresentada pelos partidos e apresentou a lista dele para concorrer. E resolveu que a votação seria secreta. Houve muita confusão, e a votação foi secreta, e ele ganhou”, contou Lula.
O brasileiro foi apresentado pela secretária-geral do SPD, Yasmin Fahimi, que disse ao petista: “Você conseguiu dar ao Brasil uma relevância internacional, especialmente que você recriou um modelo moderno de social-democracia, que nos é muito familiar. Você também provou que é possível superar o neoliberalismo”.
Lula começou seu discurso com uma piada: “Eu não vou ler todo esse papel comigo. Eu faço isso para causar uma boa impressão”.
Ele fez uma homenagem ao ex-chanceler alemão Helmut Schmidt, morto no mês passado, ratificando a “importância” do social-democrata em sua carreira quando, em visita oficial ao Brasil durante a ditadura militar em 1979, ele aceitou receber o então líder sindical brasileiro.
Em seu discurso de pouco mais de 30 minutos, o ex-presidente exaltou ainda sua atuação internacional como presidente e as ações de seu governo contra a crise econômica de 2008.
EBC e Folhapress