Ativista que fez protesto pela paz por 35 anos em frente à Casa Branca morre aos 80 nos EUA. Conchita Picciotto iniciou vigília em 1981 contra armas nucleares; seu protesto diante da sede do governo é considerado o mais longo da história do país
Concepción Picciotto, também conhecida como Conchita e Connie, que acampou durante quase 35 anos — desde agosto de 1981 — em frente à Casa Branca em protesto contra a proliferação de armas nucleares, morreu nesta segunda-feira (25/01) aos 80 anos em Washington.
Seu protesto diante da sede do governo dos EUA é considerado o mais longo da história do país, e ela se tornou uma figura conhecida no ativismo norte-americano. Segundo a própria Conchita, ela esperava que sua presença pudesse lembrar os passantes a necessidade de realizar qualquer ação que pudessem, mesmo que pequena, para ajudar a acabar com guerras e violência.
Conchita compareceu à Casa Branca pela primeira vez em 1979, quando seu ex-marido, de origem italiana, conseguiu a custódia da filha adotada do casal. Ela acreditava ter sido vítima de uma conspiração entre médicos, advogados, o governo e o ex-marido, e pensava que indo ao presidente ela conseguiria ter a filha de volta.
“Eu queria ir à Espanha e criar minha filha lá, mas meu marido e sua família se opuseram e montaram uma campanha de abuso, até que acabaram tirando a minha custódia sobre a menina. Disseram que eu não era uma mãe adequada”, disse Conchita ao El País, numa entrevista de 1991. Ela nunca mais viu a filha.
Foi nessa época que ela conheceu William Thomas, ativista que fundou a vigília em frente à casa presidencial para protestar contra a proliferação de armas nucleares. Conchita se juntou a ele “para impedir que o mundo fosse destruído”, como disse ela mesma ao Washington Post, em 2013.
Outros se juntaram à causa e o grupo recebeu o nome de Proposition One (Proposição Um). A principal conquista dos ativistas se deu em 1993, quando conseguiram que uma petição a favor do desarmamento nuclear se tornasse uma proposta de lei para ser votada no Congresso.
Tiveram o auxílio da deputada Eleanor Holmes Norton, que desde então introduziu o projeto em quase uma dúzia de sessões no Congresso. A legislação não chegou a ser votada.
Mesmo após a morte de Thomas, em 2009, Conchita continuou com a vigília. O futuro da manifestação, contudo, foi questionado, devido à idade de Conchita, principalmente após 2012, quando ela foi atropelada e passou a depender da ajuda de ativistas mais jovens para manter o protesto. Ela morreu em um abrigo para mulheres em situação de rua em Washington e a causa da morte não foi divulgada.
Opera Mundi
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