Categories: Povos indígenas

Brasileiros em comum

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Francielle Costacurta, Pragmatismo Político

Os conflitos entre brancos e indígenas não é exclusividade de Juína, cidade do Estado do Mato Grosso. Nos Estados Unidos existe até um segmento de filmes, chamado de Faroeste ou Bangue-bangue, devido ao tiroteio e flechadas. Aliás, os filmes de Hollywood, costumam estereotipar os conflitos de espaço territorial, como se índios e cowboys, fossem apenas a luta entre o bem e o mal. Entre “civilizados e não civilizados”.

E voltando a época da colonização do Brasil, os colonizadores europeus faziam alguns juízos de falsa moral para a população indígena. Um deles são os acordos de exploração comercial que pertenciam ao velho mundo europeu, que era o direito sobre a terra e os indígenas. Portanto, o Tratado de Tordesilhas, fatiava o Brasil do lado direito como sendo pertencente ao Reino de Portugal e do lado esquerdo pertencente a coroa espanhola. Os bandeirantes portugueses que desbravavam a terra, não desperdiçavam a mão de obra e saber indígena. O escambo (trocas) entre os espelhos e pedras preciosas acabou em pouco tempo. Os portugueses preferiram logo escravizar a população indígena, catequizá-los e fazer das mulheres esposas e muitas vezes escravas sexuais. Logo, os Espanhóis priorizaram a matança generalizada de tribos inteiras. Quem não morreu por arma branca, morreu contaminado por sífilis, gonorreia e até gripe.

E na última década, com a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), as leis avançam e recuam por conta de pouca representação indígena na bancada política, e quanto aos fazendeiros, muito apoio entre deputados eleitos principalmente. O jornalista escritor de Meninas da noite, Gilberto Gilmeisntein relata que muitas indígenas trabalham como prostitutas por que a sociedade a dizem inferiores e elas acreditam nisso. Sobre os avanços a população indígena começa a frequentar as universidades públicas, com regras próprias (a tribo que elege quem vai a universidade), o saber institucionalizado é devolvido a comunidade da tribo. Na maioria das vezes os cursos são elegidos sobre os temas que beneficiam a maior coletividade possível, tal como Direito, Odontologia e Agroecologia. A universidade também acompanha a população indígena em inúmeros estudos de variações genéticas de agricultura e uso de plantas medicinais, além da antropologia que é o estudo cultural. Em que todas essas informações possuem um potencial rico e pouco explorado que a população indígena detêm e pode beneficiar milhares de pessoas.

Nas escolas indígenas eles possuem formação bilíngue a trilíngue, como português, tupi e dialeto local. E nas escolas convencionais a previsão de valorizar e contemplar a cultura indígena e negra pela lei nº 10639/03, não somente no dia do índio.

Na televisão como fisionomia indígena temos a Dira Paes que é atriz amazonense. Se antes ela só interpretava empregadas domesticas, hoje ela interpreta grandes papéis na Rede Globo. A maior parcela a olhos vistos dos indígenas vive em condições de vulnerabilidade e baixo IDH – Índice de desenvolvimento Humano. Isto é extrema pobreza, precariedade nos serviços de acesso a estrada, saúde e dificuldades na agricultura (sim, muitos plantam, variedades em pequena escala), outro agravante é a demarcação de terras. A demarcação de terras é um trabalho minucioso, feito através de um relatório antropológico, que leva em conta os rituais e praticas indígenas. Por exemplo o cuidado das mulheres em trabalho de parto, precisa de uma árvore que da um fruto no outro extremo da propriedade. Então precisa manter o território até ali. Outro ponto importante são fazendeiros, que circunvizinham terras indígenas e fazem uso de transgênicos e agrotóxicos. A água e o vento contaminam a alimentação e a qualidade de vida do indígena piora. E quanto menor o território indígena, maior a possibilidade de contaminação dos seus recursos naturais. Muitos indígenas choram pela preservação da natureza e preservação de suas terras. Outros até morrem pela defesa do lugar onde vivem. Alguns alugam o seu espaço e cometem vinganças criminosas pela ausência de proteção policial.

Mas uma coisa temos que ter em mente, quando chamamos o índio de vagabundo, criminoso e preguiçoso. O nosso DNA brasileiro é indígena a nossa cultura também é. Seja você branco, negro, pobre ou rico. O egoísmo seu não leva ninguém longe. A mesma pessoa que mata e violenta um indígena é a mesma que futuramente cometera abusos ao seu funcionário ou parceiro, seja ele ou ela. Tudo é poder, sangue branco e amarelo em confronto: Brasileiros em comum.

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