Países reagem ao anúncio da Coreia do Norte sobre teste nuclear bem sucedido. ONU e EUA confirmam tremor na região. Conheça o potencial de destruição da bomba H
A Coreia do Norte afirmou que fez um teste bem-sucedido com uma miniatura de bomba de hidrogênio, mais conhecida como bomba H.
Se confirmado, o anúncio significa que o país agora tem uma arma que, segundo o cientista Matthias Grosse Perdekamp, que dá aulas sobre o controle de armamentos nucleares da Universidade de Illinois, nos EUA, é a mais poderosa do planeta.
O governo anunciou o teste na TV estatal norte-coreana. Ele veio depois de o Serviço Geológico dos Estados Unidos ter detectado uma atividade sísmica fora do comum no nordeste da Coreia do Norte.
O tremor, de magnitude 5,1, foi detectado às 10h00 locais (23h30 de terça-feira em Brasília) a cerca de 50 km da cidade de Kilju, perto da área de testes nucleares de Punggye-ri. A Organização do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBTO, sigla em inglês) informou que sua rede de estações de medição detectou um “evento sísmico incomum” na Coreia do Norte.
Segundo especialistas, o tremor não teria sido provocado por causas naturais.
Este seria o quarto teste nuclear do país desde 2006 – mas o primeiro com a bomba de hidrogênio, mais poderosa que a bomba atômica.
Quando o país anunciou que possuía a tecnologia, muitos especialistas duvidaram da capacidade do país para tal.
A confirmação do teste por fontes independentes pode levar duas ou até semanas.
Potencial
Até hoje, nenhuma explosão superou a potência da “Bomba-Czar”, uma bomba de hidrogênio de 50 megatons (o equivalente a 50 milhões de toneladas de dinamite) detonada durante um teste do governo soviético em outubro de 1961 (confira mais detalhes sobre a explosão da ‘Boma-Czar’ aqui).
Essa bomba, por sinal, era 3 mil vezes mais poderosa que a lançada sobre Hiroshima em agosto de 1945, a primeira vez que uma arma nuclear foi usada em situação de conflito.
A “Little Boy” “(Pequeno Garoto”, em tradução literal), como foi batizada a bomba que devastou a cidade japonesa, teve sua energia destrutiva gerada pela fissão de átomos de urânio ou plutônio.
As bombas de hidrogênio, porém, funcionam seguindo um processo de fusão nuclear, oposto ao da bomba de fissão: em vez de partir ou quebrar, diversos átomos – nesse caso, os de isótopos do hidrogênio deutério e trítio – se juntam formando núcleos maiores antes de explodir.
“A potência que pode ser alcançada com a fusão nuclear basicamente não tem limites”, diz Perdekamp à BBC Mundo.
O especialista, porém, explica que esse processo é extremamente complexo – e que, por isso, havia um certo ceticismo quanto à capacidade norte-coreana de desenvolver uma bomba H.
A primeira explosão nuclear se encarrega de gerar a elevadíssima temperatura necessária para que os isótopos de hidrogênio se fundam, o que explica porque a bomba H também é chamada de termonuclear.
A potência final é determinada pelo volume de hidrogênio, mais precisamente seus dois isótopos radioativos, o deutério e o trítio.
“A energia nuclear liberada na fusão tem a mesma origem que a energia que sustenta a vida na Terra: o Sol”, explica Perdekamp.
No caso da bomba de hidrogênio, porém, o objetivo é apenas a destruição.
Reações
Após o anúncio da Coreia do Norte, houve forte reação de outros países.
A Coreia do Sul disse que o teste é um sério desafio para a paz global e uma violação de resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, chamou o suposto teste de “ameaça à segurança do Japão”.
Os Estados Unidos pediram que a Coreia do Norte respeitasse seus compromissos e obrigações internacionais e disse que iria responder às provocações.
Para John Nilsson-Wright, do programa de Ásia do centro de estudos Chatham House, o teste indica que Pyongyang continua investindo em seu programa nuclear sem dar importância aos significativos custos políticos e diplomáticos da empreitada.
Após testes anteriores, a comunidade internacional respondeu com sanções políticas e econômicas.
BBC
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