Enxergar como ocorre o aprendizado
Os quatro degraus da aprendizagem, conhecidos também como quatro estágios da competência, são uma forma de enxergar o progresso que fazemos ao aprender algo novo. Imagine uma escada com quatro degraus: a incompetência inconsciente, a incompetência consciente, a competência consciente e a competência inconsciente.
Trata-se de um padrão comum aos processos de aprendizado. Quando o entendemos, isso nos ajuda a aprendermos a aprender.
Por quê?
Existem várias formas de se entender como ocorrem os processos de aprendizagem. Os quatro estágios da competência conformam uma referência útil porque conseguem ser simples e amplos o suficiente para abarcar diversas situações que envolvem aprendizado. Ao escrever sobre os quatro degraus, optei por apresentá-los partindo de uma metáfora – a escada – para facilitar sua compreensão.
O conhecimento a respeito dos quatro estágios de competência foi desenvolvido nos anos 70 por Noel Burch, nos Estados Unidos (há quem diga que Martin M. Broadwell escrevera sobre o assunto em 1969)i. Contudo, a sabedoria que inspirou o modelo é ancestral, já tendo sido manifestada em várias culturas e em diferentes épocas. Por isso, os quatro estágios podem ser tomados como um arquétipo, de modo que estão presentes na história da humanidade desde muito tempo atrás.
Como?
Suponhamos que você quer aprender a cozinhar. Se olharmos para esse processo por meio dos quatro degraus da aprendizagem, ficaria assim:
Incompetência inconsciente
É quando nem nos damos conta do quão ignorantes somos. Não reconhecemos o quanto teremos que nos esforçar caso queiramos aprender algo.
Por isso, você já se acha um hábil cozinheiro e não percebe o valor de praticar e ler mais sobre o assunto.
Para passar à próxima fase, é preciso ser sensibilizado.
Incompetência consciente
De repente, você começa a sair com alguém que lhe fala que o seu macarrão com legumes está completamente malcozido e destemperado. Não é fácil aceitar a crítica, mas agora você pelo menos sabe que não sabe.
Nesta fase a ficha cai. Passamos a reconhecer o valor de aprender algo. Para subir de degrau, o fundamental é errar e reelaborar.
Competência consciente
Você já consegue fazer alguns pratos saborosos. Ao sair com outra pessoa (a primeira acabou te dispensando…) você monta um cardápio árabe completo, mas passa todo o tempo na cozinha certificando-se de que tudo vai sair do jeito que você planejou.
Finalmente passamos a entender ou fazer bem algo, mas temos que ficar pensando naquilo exaustivamente. Dividimos os processos em partes menores para nos sentirmos mais seguros, e ainda assim precisamos estar concentrados o tempo todo.
Para chegar à última etapa, o mais importante é praticar.
Competência inconsciente
Você passou a praticar tanto que se tornou chef de cozinha! Nesta fase, incorporamos a habilidade e deixamos de nos preocupar ao exercê-la. Fazemos tudo de forma natural e automática e somos reconhecidos como pessoas que “sabem o que estão fazendo”.
O mais importante nessa etapa é compartilhar o que se sabe.
Existem autores que propõem, ainda, um quinto estágio que pode ser chamado de “competência reflexiva”i. Trata-se de ultrapassar a inconsciência da quarta fase para dar lugar a uma postura mais informada, de alguém que “sabe do que sabe”. Chegar no quinto degrau é importante para ampliarmos nossa capacidade de compartilhar o que aprendemos.
Os quatro degraus da aprendizagem integram um modelo que pode ser útil a qualquer um interessado em aprender. Gestores também podem aproveitá-lo para criar ambientes favoráveis à aprendizagem. Subir de degrau fica mais fácil quando conseguimos enxergar a escada!
Alex Bretas, Outras Palavras
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