Redação Pragmatismo
Barbárie 17/Fev/2016 às 16:54 COMENTÁRIOS
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Calouros são queimados com larvicida e creolina em trote universitário

Publicado em 17 Fev, 2016 às 16h54

Estudantes são queimados em trote com larvicida, recomendado para bicheiras em animais de grande porte e creolina, usada na dissolução de produtos químicos. Jovens sofreram ferimentos graves. "Chorei e pulei de dor. Me deu tontura e quase desmaiei", revela um dos calouros

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Imagens mostram as consequências do trote criminoso nos corpos dos jovens calouros da Faculdade da Amazônia (Fama)

Pelo menos seis jovens estudantes foram queimados durante um trote universitário em Vilhena (RO). Veteranos do curso de agronomia da Fama (Faculdade da Amazônia) usaram uma mistura de larvicida e creolina nos calouros na noite da última segunda-feira (15). “Chorei de dor”, diz Lucas Ribeiro Boehm, uma das vítimas.

O pesticida utilizado é altamente inflamável e indicado para ferimentos externos de animais de grande porte. A bula recomenda ao aplicador “não inalar o produto e evitar contato direto com os olhos e outras partes do corpo”. Já a creolina é utilizada para dissolver outros produtos químicos, como desinfetantes e desodorantes.

Lucas foi levado para o hospital com a ajuda de amigos. Lá, ficou tomando soro da meia-noite e meia até as duas horas da tarde do dia seguinte. “Reunimos os alunos que se queimaram e vamos entrar com um processo.” Lucas já registrou um boletim de ocorrência por lesão corporal.

De acordo com o jovem de 17 anos, após a última aula cerca de 50 pessoas aguardavam a saída dos calouros para começar o trote. “Eles disseram que quem não fizesse o trote naquele dia e deixasse para outro seria pior, e que quem não participasse não poderia ir às festas da faculdade”, conta.

“Brincadeira”

Após uma rápida conversa, todos os estudantes da sala de Lucas teriam concordado em participar. “Pensamos que o trote seria mais leve. Foi então que começaram a passar a mistura nas pessoas, inclusive nas meninas. Na hora que jogaram os produtos em mim, começou a queimar e eu pulava de dor. Me deu tontura e quase desmaiei com o cheiro forte. Comecei a chorar de dor”, diz.

A caloura Kelissa Luila Pereira Rodrigues, de 19 anos, também precisou de atendimento médico após o trote. Ela registrou boletim de ocorrência na manhã desta terça-feira (15). “Disseram para gente que iria ser uma brincadeira com tinta. Quando estávamos cheios de tinta, eles começaram a jogar um produto químico na gente, que começou a queimar e a arder. Foi muita dor”, relata.

Kelissa foi levada para o Hospital Regional, onde ficou em observação. Ela sofreu queimaduras no ombro e braço. “A maioria da turma se feriu. Mas nem todos procuraram atendimento médico na cidade, pois vários moram em outros municípios ou tiveram lesões mais leves. Registrei boletim de ocorrência e espero que se faça alguma coisa. Imagina o que será feito ano que vem, vão matar?”, questiona.

Nota de repúdio

Em nota de repúdio divulgada nas redes sociais, a diretora geral da Fama, Patricia Clara Cipriano, afirmou que a instituição está apurando “a autoria do lamentável evento”.

“A responsabilidade de cada aluno veterano será rigorosamente apurada, através de Processo Administrativo Disciplinar, que já foi instaurado, a fim de que a cada acadêmico veterano envolvido sejam aplicadas as penalidades administrativas cabíveis, que vão desde a suspensão até a expulsão”, diz.

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