Em novo texto, Fernanda Torres pede perdão por artigo sobre machismo e feminismo: “As críticas procedem. Refleti durante toda semana e o que me cabe são profundas desculpas. Procurarei estar atenta e comprometida com essas reivindicações”. Leia a íntegra do novo posicionamento da atriz
Alvo de críticas por um texto em que desaprovava a “vitimização do discurso feminista” (relembre aqui), Fernanda Torres voltou a escrever sobre o assunto nesta quarta-feira.
No novo artigo, intitulado Mea Culpa, a atriz diz que refletiu sobre a discussão durante os últimos dias: “O que me cabe são profundas desculpas. Procurarei estar atenta e comprometida com essas reivindicações”, diz trecho do artigo.
Em Mea Culpa, a atriz diz que “as críticas procedem, quando dizem que eu escrevi do ponto de vista de uma mulher branca de classe média. É o que sou.”
Depois, admite que “esperava-se de uma voz feminina, que tem um espaço para se posicionar, uma opinião menos alienada e classista”.
Por fim, Torres pede “perdão por ter abordado o assunto a partir da minha experiência pessoal que, de certo, é de exceção” e garante que “toda vontade de mudança parte do indivíduo, é o que estou fazendo aqui”.
O texto pode ser lido na íntegra abaixo ou no blog Agora É que São Elas:
MEA CULPA, por Fernanda Torres
As críticas procedem, quando dizem que eu escrevi do ponto de vista de uma mulher branca de classe média. É o que sou.
Minha mãe sempre trabalhou, teve um casamento que nunca cerceou o seu direito profissional, eu cresci num ambiente de extrema liberdade, conquistada, diga-se, com a ajuda de movimentos feministas anteriores a mim.
Era uma época de um machismo muito arraigado, do qual guardo heranças, mas que, lamentavelmente, ainda à época não estava identificado de forma direta com o estupro e a violência.
Entendi com as respostas ao meu artigo que, hoje, os movimentos feministas lutam para que essa associação seja clara. Inclusive no que se refere ao direito de ir e vir sem assédio.
Esperava-se de uma voz feminina que tem um espaço para se posicionar, uma opinião menos alienada e classista diante da luta pelo fim de tanta desigualdade e sofrimento que as mulheres enfrentaram e enfrentam pelos séculos.
Refleti durante toda semana e o que me cabe são profundas desculpas. Procurarei estar atenta e comprometida com essas reivindicações.
Entendi que existe uma discussão maior, que vai da cidadania ao direito ao próprio corpo, e, acima de tudo, uma luta pela erradicação da violência contra a mulher num país já tão violento, discussão essa que não comporta meios termos.
Sou contra o estupro, a violência, o baixo salário, o racismo, e reafirmo a importância dos movimentos que lutam pela melhoria das condições de vida da mulher e das minorias no Brasil.
Sou mulher e não gostaria de ser vista como inimiga desses movimentos, e nem de vê-los como tal, porque isso não corresponde à realidade do meu sentir.
Toda vontade de mudança parte do indivíduo, é o que estou fazendo aqui. Sem a coletividade é impossível avançar.
Prometo estar atenta. Perdão por ter abordado o assunto a partir da minha experiência pessoal que, de certo, é de exceção.
Mea culpa.
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