Médico renomado é preso por abusar sexualmente de mais de 20 pacientes
Médico renomado de Florianópolis é preso acusado de estuprar mais de 20 mulheres. "É revoltante o que ocorreu comigo: ir a uma consulta médica, ser dopada e em seguida estuprada é um fato digno de ódio, fúria e raiva", desabafa uma das vítimas
Foi preso na manhã desta terça-feira, 16, em seu consultório, no centro de Florianópolis, o médico Omar César Ferreira de Castro, de 66 anos, acusado de estuprar 14 pacientes. Depois do anúncio de sua prisão, o número de mulheres que acusam o médico de abuso já passa de 20.
Algumas vítimas aguardavam a prisão em frente à 6° Delegacia de Polícia da Capital, especializada em proteção à mulher. Entre elas, uma servidora pública de 30 anos, que é considerada peça chave para o desfecho do caso.
Em janeiro do ano passado, a servidora foi buscar auxílio para emagrecer. Castro é um nutrólogo famoso na cidade. O médico ofereceu um copo com água e pediu que ela bebesse tudo. A servidora conta que sua memória apagou. Entre os fragmentos das recordações está a imagem do médico de calças abaixadas e camisinha na mão, enquanto ela estava deitada na maca, sem conseguir gritar ou se mexer.
A servidora foi levada para casa por uma amiga que aguardava na sala de espera. Dormiu quase um dia inteiro e, quando acordou, lembrou-se de mais cenas do estupro. Então, foi até a clínica para confrontar o médico.
Chorando, perguntou o que tinha acontecido. Castro respondeu: “você não lembra? Transamos duas vezes e foi bem gostoso”.
A servidora tinha um gravador na bolsa e imediatamente foi prestar queixa na polícia. O depoimento do médico deu força para que os outros boletins de ocorrência fossem unidos em um mesmo inquérito.
“É revoltante o que ocorreu comigo: ir a uma consulta médica, ser dopada e em seguida estuprada é um fato digno de ódio, fúria e raiva. E o pior foi a impossibilidade de esboçar reação, pois como estava dopada tentei tirar as mãos do médico de mim, porém não consegui. Ele me levou para maca. Tudo isso aconteceu sem eu entender o porquê”, disse uma das vítimas.
Investigação
O delegado que conduziu a investigação Ricardo Lemos Thomé afirmou que há muitas semelhanças nas histórias contadas pelas mulheres. “Ele agia da mesma forma, tocava as costas, os seios das pacientes, fazia massagens, carícias, forçava beijos e as dopava”, disse. As mulheres não se conheciam, o que comprova a veracidade dos depoimentos.
Em janeiro, o delegado encaminhou a investigação à 3ª Vara Criminal do Fórum de Florianópolis para ser examinada pela promotoria. Nesta manhã, o juiz Rafael Sandi expediu o mandado de prisão. Três computadores também foram apreendidos na clínica de Castro e sua residência foi vasculhada pela polícia. A pena para estupro varia de seis a 10 anos de prisão.
Repúdio
As deputadas da Bancada Feminina do estado repudiaram o “atos que, se confirmados, atentam gravemente contra todas as mulheres catarinenses e expressam o mais elevado grau de violência que uma mulher pode sofrer, principalmente ante as denúncias que tais crimes foram perpetrados em condições de redução da capacidade de decisão destas mulheres”.
Em nota, Angela Albino (PCdoB), Carmen Zanotto (PPS) e Geovania de Sá (PSDB) pediram rápida apuração e punição.
Outros casos
A prisão de Omar se assemelha ao caso do médico Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão por abusar sexualmente das pacientes enquanto elas estavam sob efeito de sedativos. Foram 52 estupros e quatro tentativas de abuso a 39 mulheres.
Nos dois casos, os médicos tinham boa reputação. Omar é considerado um dos melhores especialistas da capital e atende uma média de 40 pacientes por dia.
Abdelmassih era especialista em reprodução humana e foi um dos pioneiros da fertilização in vitro no País.
com informações de Agência Estado, Huffpost Brasil e No Minuto