Morales é derrotado em referendo e age democraticamente: "Respeito as urnas"
Evo Morales é derrotado em referendo na Bolívia e não poderá concorrer a novas eleições. Presidente boliviano declarou que “Respeita os resultados das urnas” e que “uma batalha foi perdida, mas a luta segue”
O presidente da Bolívia, Evo Morales, reconheceu nesta quarta-feira (24) a primeira derrota nas urnas em dez anos de governo e prometeu respeitar os resultados do referendo realizado há três dias.
No domingo (21), os eleitores bolivianos foram às urnas para votar na reforma constitucional proposta pelo governo, que permitiria a Evo Morales disputar um quarto mandato consecutivo em 2019. A maioria votou contra.
A votação foi apertada, e o Tribunal Superior Eleitoral demorou três dias para concluir a contagem. Com 99,8% dos votos apurados, a vitória da oposição foi confirmada por uma estreita margem: 51,3% dos eleitores votaram “Não”, contra os 48,7% que optaram pelo “Sim”.
Hoje, Evo Morales criticou o que chamou de campanha suja da oposição, mas não questionou os resultados. O presidente lembrou que, mesmo derrotado, tem um índice de popularidade alto (50%) e quatro anos de governo, para continuar implementando suas politicas.
Primeiro presidente indígena da Bolívia, Evo chegou ao poder em 2006, com a promessa de uma revolução socialista, para acabar com a pobreza e a discriminação. Mal assumiu, o ex-líder sindical dos cultivadores de coca estatizou os recursos naturais e investiu em infraestrutura e educação.
Em uma década, ele eliminou o analfabetismo e viu a economia crescer em média 5% ao ano – um desempenho elogiado pelo Fundo Monetário Internacional, que ele tanto critica.
Com o argumento de que seria preciso mais tempo para consolidar o processo revolucionário, o governo propôs reformar a Constituição. Mas a oposição reagiu, argumentando que a falta de alternância política é sinônimo de autoritarismo.
Contribuíram para a derrota de Evo Morales, a morte de seis pessoas em um protesto e o aparecimento de denúncias, nas redes sociais, de que ele teria favorecido uma ex-namorada, com a concessão de contratos governamentais.
“Perdemos a batalha, mas não a guerra”, disse o presidente, ao prometer continuar com seu programa de governo até o fim do seu atual mandato.
“Nós não somos um governo, somos uma revolução democrática e pacífica. O movimento [MAS, Movimento Ao Socialismo, seu partido] que temos na Bolívia é único no mundo, e sua verdadeira base são os movimentos sociais. Respeitamos o resultado das urnas, mas a luta segue. Temos muitas responsabilidades”, concluiu Morales.
Evo não quis responder às perguntas sobre quem vai ser o candidato de seu partido, Movimento ao Socialismo, nas eleições presidenciais de 2019.