ONG holandesa distribui pílulas do aborto gratuitas para grávidas com Zika
ONG da Holanda está oferecendo pela internet pílulas gratuitas às mulheres grávidas infectadas com o zika vírus para que provoquem, se desejarem, um aborto medicinal seguro. Fundadora da Women on Web diz que medida é uma alternativa ao aborto clandestino de risco realizado em países onde a prática é criminalizada
A ONG holandesa Women on Web está oferecendo pela internet pílulas gratuitas às mulheres grávidas infectadas com o zika vírus para provocar, se desejarem, um aborto medicinal seguro. A entidade justifica a proposta diante da suspeita de que a doença provoca má-formações congênitas.
“O zika vírus está se espalhando na maioria dos países onde o aborto é muito restrito”, explicou à AFP Rebecca Gomperts, fundadora e diretora da Women on Web. “Ficamos preocupados que isso provoque o aumento de abortos clandestinos, sem condições de segurança. Realmente nos preocupamos com a saúde e a vida das mulheres e queremos garantir que elas tenham acesso a um bom aborto medicinal”, acrescentou Gomperts.
As pessoas interessadas em obter as pílulas devem acessar o site www.womenonweb.org para uma consulta gratuita. Se não houver contraindicações, a ONG holandesa irá enviar as pílulas abortivas para a casa da gestante, acompanhada de instruções de uso.
A ONG esclarece que o aborto medicinal é realizado por meio da associação de dois medicamentos. O procedimento só é recomendado até a 12ª semana de gestação.
Envio de pílulas pelo correio pode levar várias semanas
A organização, alarmada pela situação no Brasil, pede ao governo que não intercepte os pacotes “ao menos durante a duração da epidemia de zika”. O site ainda adverte que o envio das pílulas pelo correio pode demorar de uma a cinco semanas em países como a Colômbia e a Guatemala.
Na segunda-feira (1), a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que o zika vírus é o principal suspeito da multiplicação de má-formações congênitas na América Latina. A organização ligada à ONU declarou a microcefalia e os distúrbios neurológicos associados ao vírus uma emergência de saúde mundial.
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RFIBR | AFP