André Falcão*
São muitos, e não generalizo, os cabras-de-peia no PSDB, no PMDB, no DEM e em outros partidos do país, inclusive em alguns que se arvoram assépticos na chamada esquerda brasileira. E isto se explica porque agremiações formadas de seres humanos, com todas as suas imperfeições e vícios. Até nas religiosas a gente se depara com figuras que as desonram, inclusive para elegerem, suas vítimas, crianças e outros indefesos que tais.
Mesmo assim, e sem maniqueísmo – esquerda (o bem) x direita (o mal) –, não posso negar que não me tenha causado indigesta surpresa saber do descompromisso com a ética, de gente de dentro do PT, ainda que não se deva, sem atenção ao rigor ideológico, compreendê-lo um partido rigorosamente “de esquerda” – é que com suas diversas tendências internas, assemelha-se mais a uma frente, peculiaríssima, dentro do espectro partidário do país. Teria, ainda assim, necessariamente, que honrar o voto daqueles que lhe depositaram tantas esperanças no campo ético. Aqui e ali não o fizeram. Ponto.
Isto não significa, porém, que se possa colocá-lo na vala comum desses partidos da direita, seja porque com eles não se possa confundi-lo enquanto tal, seja, muito menos, tomada em conta a sua honrada e aguerrida militância.
Da mesma forma que entendo não se deva filiar-se a um partido no oba-oba ou por razões outras, tampouco compreendo a política dissociada de um. E embora não seja filiado ao PT, defendo-o, mais do que muitos petistas inclusive, principalmente porque compreendo que se é verdade que Lula o transcende, tampouco se teria transformado no fenômeno que é sem ele. Defendo um projeto político, o mais avançado em muitos anos.
O governo Lula e o PT, com seu fiel e respeitado vice, o falecido José de Alencar (ex-PMDB, PL e PRB), o PCdoB e outros aliados promoveram avanços inéditos na história neste país. Muitas páginas seriam necessárias para discorrer sobre todos. Nenhum desses partidos que o(s) critica(m), não raro com cinismo e hipocrisia, o fizeram quando puderam. Nem sombra delas. Até a comunidade internacional de escol o reconhece e não cansa de homenagear o ex-presidente.
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Mas nada ainda me surpreende mais do que ver algumas figuras ligada a alguns desses partidos da história política nacional arvorando-se paladinos da ética e da justiça. Não dá pra aceitar, sem ser tomado de ânsia de vômito, ouvi-los posando de defensor desses princípios tão caros à prática política nacional.
Até para a hipocrisia, respeitem o meu estômago, há limites.
*André Falcão é advogado e autor do Blog do André Falcão. Escreve semanalmente para Pragmatismo Político
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