A opinião pública importa. A mobilização pública importa. As manifestações públicas importam. São elas que salvaram Dilma do impeachment e só elas podem salvar Lula da prisão. Quando um setor do Estado se coloca como objetivo prender uma pessoa, só a sociedade mobilizada nas ruas consegue impedir, e esse é o caso agora.
Nicolas Chernavsky*
Quem acha que os mecanismos legais – advogados, juízes, promotores, delegados, desembargadores, ministros – vão salvar Lula da prisão, está enganado. A única coisa que pode salvar Lula da prisão é a mobilização popular nas ruas. Nas redes também, mas nas ruas é mais importante. O desespero conservador com a possibilidade dele ser candidato em 2018 é tão grande que os mecanismos estatais vão colocá-lo inexoravelmente atrás das grades, a não ser que o povo mostre, nas ruas e nas redes que o custo eleitoral disso vai ser imenso e que o progressismo terá a maior vitória eleitoral de sua história se Lula estiver atrás das grades sem provas contra ele.
O progressismo brasileiro ainda não entendeu completamente isso. Ainda não entendeu tudo o que conseguiu. Ainda não entendeu que desde 2003 o Brasil passa por uma revolução, e qualquer um que olhe a evolução da pirâmide de classes desde então entende isso. Ainda não entendeu que Lula significa mais 11 anos de progressismo no governo federal, pois o fim da reeleição impulsionado por Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados ainda não foi aprovado no Senado. Assim, até o momento, pelo menos, se Lula for eleito em 2018, poderá se recandidatar em 2022. O progressismo ainda não entendeu completamente o que está em jogo. Está em jogo se a Revolução Brasileira, aquela que está levando o Brasil de ser um país pobre a ser um país de classe média, vai se completar ou não. Infelizmente, no momento, só Lula tem condições reais de vencer as eleições presidenciais de 2018 pelo progressismo. Haveria chances concretas do progressismo vencer essas eleições sem Lula somente se realizasse prévias abertas em dois turnos para decidir seu(sua) candidato(a) presidencial, mas as chances dessa prévia se realizar, infelizmente, não são grandes. Assim, é Lula em 2018 ou ver um candidato conservador, como Aécio ou Alckmin, chegar ao Palácio do Planalto.
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A democracia é um regime que só funciona minimamente bem se o povo manifestar diretamente ao Estado sua opinião e sua vontade não só no momento da eleição. Isso ocorre porque forças sociais de todos os tipos, inclusive as mais atrasadas, pressionam constantemente o Estado através de inúmeros mecanismos o tempo todo, então se o povo só o fizer no momento da eleição, a democracia será terrivelmente falha. Este é um momento em que a democracia precisa do povo nas ruas, porque há forças imensas pressionando pela prisão do Lula. Não é um juiz, um delegado, um promotor, um ministro, um repórter de televisão, um empresário, um dono de jornal que decide isso, e nem sequer a soma deles; é a dinâmica histórica do Brasil entre progressismo e conservadorismo que decidiu que Lula vai preso a não ser que o povo saia às ruas para defender sua vida, sua liberdade e seus direitos políticos. Então, progressistas, agora é rua, antes que seja tarde demais.
*Nicolas Chernavsky é jornalista formado pela Universidade de São Paulo (USP), editor do CulturaPolítica.info e colaborador do Pragmatismo Político
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