Com apostas distintas para o futuro do mercado de televisões, gigantes sul-coreanas Samsung e LG mostram como serão as TVs na era pós-3D: "Essa tecnologia é a que vamos ver ainda lá em 2035".
As fabricantes reduzem neste ano a oferta de TVs com tecnologia 3D. A LG vai deixar o recurso como um item adicional presente nos seus produtos premium, enquanto a Samsung informou recentemente que não vai lançar televisões com o 3D em sua linha de produtos para 2016.
“Há espaço e conteúdos com essa tecnologia, mas é algo muito de nicho. Mantemos esse recurso na nossa linha mais premium, nos modelos Super Ultra HDs, como um diferencial. Na linha mais básica, tiramos um pouco o pé“, afirmou Igor Krauniski, gerente de produtos de TVs da LG Brasil.
A companhia ressalta, porém, que ainda há aplicações para esse tipo de tecnologia visual. “No nosso caso em especial, temos a função Dual Play, em que você pode dividir a tela ao jogar com um amigo e, mesmo assim, visualizar o seu jogo em tela cheia [imagens diferentes são enviadas pela TV para cada óculos]. É como se você estivesse jogando sozinho“, disse Krauniski.
Já a Samsung disse ter dados internos sobre a procura do 3D, que está em baixa. Em contrapartida, houve um aumento de busca por televisores conectados. “Temos dados que mostram que o consumidor não prioriza mais tanto esse recurso. A resolução 4K [quatro vezes a resolução Full HD] e uma plataforma smart que ofereça apps são muito mais relevantes do que o 3D“, declarou Érico Traldi, gerente sênior de produto na categoria TV da Samsung Brasil.
À baixa procura, Traldi atribui o alto custo de produção de vídeos nesse formato. “Tem a questão da disponibilidade de conteúdos em 3D. Esse formato é caro de ser produzido. Já em 4K, há uma grande variedade de smartphones que filmam com essa resolução. Além disso, as emissoras de TV vão adotar a resolução nos próximos dois ou três anos“, afirmou Traldi.
Apostas para o futuro
Essas duas gigantes sul-coreanas têm apostas distintas para o mercado de televisões. A LG acredita e investe na produção de TVs com telas com tecnologia Oled, presenta também em muitos smartphones topo de linha. Diferentemente do que acontece em aparelhos com painéis LCD e retroiluminação LED, não há uma luz vindo de trás da malha de pixels – o que faz com que até os pontos pretos da imagem recebam uma certa quantidade de luz, enquanto poderiam muito bem estar totalmente apagados.
Os pixels contam com materiais orgânicos e, por isso, podem se iluminar quando recebem carga de uma corrente elétrica. Nesse caso, a taxa de contraste é melhor, uma vez que os pontos pretos estão, de fato, sem receber luz.
“Essa tecnologia é a que vamos ver ainda lá em 2035“, disse Krauniski.
Agora, a Samsung aposta em outra tecnologia. A fabricante deixou de lado o Oled e tem TVs com a tecnologia chamada de ponto quântico. Em termos de funcionamento, ela é mais parecida com o LCD LED do que com o Oled.
Há retroiluminação também. No entanto, ela é mais fraca do que a das TVs LED convencionais, o que implica menor gasto de energia elétrica. Isso porque não há filtro de Bayer, que é o que dá cores aos pixels que vemos, conforme as cenas mudam. Os nuances de coloração acontecem por meio de nanocristais, que alteram de forma milimétrica seus tamanhos. Isso gera uma imagem com qualidade superior às das televisões LED.
“As televisões com tecnologia LED ainda são as melhores para serem comercializadas [por serem mais consolidadas no mercado]. Agora, no quesito qualidade de imagem, os aparelhos com telas de pontos quânticos são melhores“, declarou Traldi.
Os modelos topo de linha da Samsung, da linha SUHD, oferecem resolução 4K. Como diferencial em termos de software, a empresa apostou na plataforma GameFly, que funciona como um Netflix de jogos.
Ambas as empresas contam com plataformas inteligentes, que permitem que as TVs se conectem à internet, e oferecem aplicativos, como YouTube e Netflix. Os sistemas, porém, são distintos. A LG utiliza o webOS, enquanto a Samsung tem o Tizen. Ambos são open-source e contam com uma série de aplicativos voltados para streaming de vídeo e jogos.
HDR
Outra aposta que as duas fabricantes fazem é em uma tecnologia chamada HDR. “O 4K HDR é o padrão que está aplicado no Blu-Ray 4K e o que veremos nos conteúdos em breve“, declarou Traldi.
Como na fotografia, o HDR se refere a imagens que apresentam uma combinação de diferentes exposições de luz, o que gera cenas com melhor contraste e brilho. Não são todas as televisões com resolução 4K que contam com o HDR. Esse recurso está presente somente nos modelos mais caros das fabricantes.
Com isso, as duas empresas mostram que a TV dos próximos cinco anos deve prezar pela melhoria na qualidade de imagem e nos recursos conectados, características que são mais importantes para os consumidores do que o 3D.
Lucas Agrela, EXAME
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