"Nova era dos juízes no Brasil? Eles podem gravar suas conversas privadas, mas você não pode gravá-los em público". Correspondentes internacionais criticaram a atitude de Sergio Moro de proibir que sua palestra fosse gravada; ele ainda vetou perguntas da plateia e exigiu que jornalistas não fizessem anotações
O juiz Sérgio Moro foi um dos convidados a discursar no evento “Combate à corrupção: desafios e resultados. Casos Mãos Limpas e Lava Jato”, realizado na terça-feira (29), em São Paulo. E, para a surpresa de muitos, o magistrado vetou que sua participação fosse gravada, proibiu que jornalistas digitassem as declarações em tablets ou celulares e ainda exigiu que o canal de TV online do Ministério Público Federal, que transmitia a palestra, interrompesse as filmagens enquanto ele falava.
A plateia sequer teve o direito de fazer perguntas ao juiz. As arbitrariedades não passaram despercebidas por correspondentes internacionais que acompanhavam o evento. Nas redes sociais, eles reclamaram da atitude de Moro.
A jornalista canadense Stephanie Nolan escreveu no Twitter: “Um policial federal acaba de me acusar de gravar ‘clandestinamente’ uma palestra pública concedida pelo juiz Sérgio Moro e tentou pegar meu telefone. Ironia demais?”.
A crítica foi replicada pelo correspondente do jornal britânico The Guardian na América Latina, Jonathan Watts, que questionou: “Nova era para os juízes do Brasil? Eles podem te gravar em conversas privadas, mas você não pode gravá-los em público”.
O caso aconteceu apenas duas semanas depois de Moro liberar a divulgação de gravações telefônicas particulares do ex-presidente Lula.
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