Pediatra que negou atendimento a bebê de 1 ano porque mãe da criança é petista terá de se explicar. Conselho Regional de Medicina estabeleceu prazo de 15 dias para que ela apresente defesa
A primeira consequência administrativa no caso da pediatra Maria Dolores Bressan, que se recusou a continuar atendendo o filho de uma petista foi a abertura de sindicância pelo Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers).
A tarefa do colegiado é analisar se há indícios de que a conduta da profissional foi equivocada, o que poderá determinar a inauguração de outro processo em que há previsão de punições.
A mãe, Ariane Leitão, é suplente de vereadora do PT em Porto Alegre e foi secretária estadual de Políticas para as Mulheres durante o governo de Tarso Genro (2011-2015). O pai, Gilvandro Antunes, é filiado ao PSOL.
Ariane, que denunciou a recusa de atendimento em uma rede social no último dia 23 de março, ingressou com denúncia junto ao Cremers na terça-feira (29).
O órgão abriu sindicância para apurar o caso e, na hipótese de confirmar as acusações, pode abrir processo ético-profissional contra a pediatra. As punições, no caso de condenação no processo, variam de censura pública, suspensão e até a perda do registro profissional.
Segundo a denúncia, a pediatra comunicou que não mais atenderia a criança, de um ano e um mês de idade, por mensagem de texto no celular no dia 17 de março.
Na comunicação, Dolores teria citado como motivo a nomeação do ex-presidente Lula para a chefia da Casa Civil, ocorrida no dia 16, e opina que houve “escárnio e deboche” do “representante maior do teu partido” (Lula).
“Depois dos acontecimentos da semana, estou sem a mínima condição de ser pediatra do teu filho”, escreveu a médica na mensagem, segundo a denúncia de Ariane Leão.
Presidente do Simers defende médica
Nesta quarta-feira, o presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, Paulo de Argollo Mendes, defendeu Dolores e disse, em entrevista ao jornal “Diário Gaúcho” pela manhã, que ela deveria “se orgulhar” da atitude que tomou.
Depois da repercussão negativa de sua fala, Mendes foi menos incisivo e explicou que não se pode confundir recusa de atendimento com omissão de socorro. “Se é uma urgência e se tu és o único médico da cidade, tem que atender e ponto. Não tem condicionantes, é a obrigação (do médico)”.
O presidente do Cremers, Rogério Aguiar, também minimizou a acusação. “Médico não pode discriminar pacientes, isso é claro. Mas, por outro lado, tem o direito de recusar atendimento e encaminhar para outro profissional caso não se sinta em condições, por qualquer razão. A única exceção é a urgência, o que não está configurado nesse caso”, afirmou.
A pediatra deve ser notificada da abertura de sindicância nesta quinta-feira (31), quando começa a ser observado o prazo de 15 dias para a defesa.
com informações de UOL e Zero Hora
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