Wallison Ulisses Silva dos Santos* e Vitória Jakeline Silva de Amorim, Pragmatismo Político
A ciência econômica desde o seu surgimento teve como objetivo aumentar a produção como forma de melhorar o bem estar social. Por mais de três séculos acreditou-se que o simples aumento das atividades econômicas resultariam automaticamente em benefícios para toda a sociedade. Baseando-se nesta crença os países aumentaram ano após ano a sua produção, todavia já no século XX o meio ambiente começou a dar claros sinais de esgotamento da sua capacidade de regeneração.
A economia aproximou-se do limite da natureza sem alcançar o objetivo do bem estar social. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) quase um bilhão de pessoas ainda passam fome diariamente, o número de famílias sem residência própria continua alto e mesmo nos países desenvolvidos os dados da ONU mostram que existe a fome e uma quantidade considerável de moradores de rua. Em resumo os recursos naturais foram explorados acima de sua capacidade e os objetivos sociais não foram alcançados. Muitos apontam que o caminho é aumentar ainda mais a produção econômica, ou seja, fazer o Produto Interno Bruto (PIB) crescer todos os anos. Este caminho parece para a maioria à lógica inquestionável, mas os conhecimentos da biologia e física mostram que isso não tem nada de lógico, mas sim de uma estratégia irracional.
O economista romeno Nicolas Georgescu-Roegen em seu livro “The Entropy Law and the Economic Process” provou através da lei da entropia que o crescimento econômico ilimitado não é possível. A explicação está no fato de que toda atividade econômica resulta em uma perca de energia e que mesmo com a reciclagem ou outros tipos de tecnologias ambientais a perca de energia continua ocorrendo o que indica que em algum momento não seria possível mais aumentar a atividade econômica. Os sinais ambientais parecem comprovar que a teoria do economista Georgescu estava correta, o aquecimento global, o desequilíbrio do ciclo da água, do carbono e do nitrogênio e as secas e enchentes em locais incomuns mostram que a atividade econômica já está no limite. Celso Furtado ainda na década de 1970 afirmava que o desenvolvimento no modelo dos Estados Unidos e Europa não era possível para todos os países, pois não há recursos suficientes no Planeta Terra para abastecer uma população de sete bilhões de pessoas consumindo no nível dos norte-americanos.
A cientista ambiental Annie Leonard expõe que o controle do crescimento populacional, a reciclagem e outras tecnologias ambientais podem auxiliar na busca de uma economia sustentável, mas que a principal estratégia é a mudança da lógica econômica atual, pois não é possível manter um sistema econômico que busca um crescimento infinito dentro de um planeta com recursos naturais finitos. A cientista aponta que é necessário um sistema econômico em ciclos que objetive aproveitar ao máximo os recursos naturais, respeitando a resistência do sistema.
*Wallison Ulisses Silva dos Santos é economista e mestre em economia pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), professor de economia no Instituto Cuiabano de Educação (ICE) e Vitória Jakeline Silva de Amorim é graduanda em biologia pela UFMT e colaboraram para Pragmatismo Político
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