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Oposição surpreende e diz que pedido de prisão de Lula não tem embasamento

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Surpreendentemente, os principais líderes da oposição no Brasil decidiram não referendar o pedido do promotor Cassio Conserino para que Lula seja preso. Nos bastidores, articuladores afirmam que um pedido de prisão preventiva de Lula sem “bases sólidas” seria, nesse momento, um desserviço

(Imagem: Aécio Neves, Agripino Maia, Cássio Cunha Lima, Carlos Sampaio)

O pedido de prisão preventiva de Lula na tarde desta quinta-feira (10) repercutiu entre as principais lideranças políticas do Brasil, incluindo, naturalmente, membros da oposição.

Surpreendentemente, a oposição decidiu não referendar de pronto o pedido do promotor Cassio Conserino para que o ex-presidente seja preso.

Para o vice-presidente nacional do PSDB e coordenador jurídico da legenda, deputado Carlos Sampaio (SP), a medida “é inusual” e não tem embasamento jurídico sólido.

“Não é uma conduta usual fazer a denúncia e pedir a prisão do investigado”, afirmou. “Isso foge à normalidade. [Lula] ser processado é correto. Aguardar o julgamento, é correto, mas não é porque temos divergências políticas que vou querer para ele algo diferente do que quero para qualquer cidadão”, concluiu o deputado, que é promotor público de carreira.

O presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia (RN), também não celebrou a medida do Ministério Público. “O momento é de extrema tensão e é preciso ter moderação, equilíbrio e confiança nas instituições”, disse o senador.

Ele defendeu ainda que a lei seja a única métrica para qualquer tipo de ação. “Evidente que fiquei surpreso, até porque a decretação de prisão remete a um ex-presidente da República. Eu não me gratifico nem de longe com esse tipo de notícia, eu não quero o mal para ninguém. Agora, ninguém pode estar acima da lei”, conclui.

Por meio de nota, o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB) disse que recebeu a notícia com cautela: “Não estão presentes os fundamentos que autorizam o pedido de prisão preventiva, até porque o Ministério Público Federal e a Polícia Federal fizeram buscas e apreensões muito recentemente buscando provas. Vivemos um momento incomum na vida nacional. É preciso ter prudência. Trata-se de um ex-presidente da República. Nada impede que seja investigado. Mas Lula é primário, tem residência fixa e não consta que esteja planejando fugir do país. Qual é a razão para prendê-lo?”.

Mais cedo, antes do promotor anunciar o pedido de prisão de Lula, o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, também havia pedido cautela: “Acho que todos temos de ter nesta hora muita serenidade. Serenidade para apresentarmos respostas a todos os questionamentos. Isso serve para todos. Me incluo entre essas pessoas e o próprio presidente Lula. Tem de haver obviamente espaço para ampla defesa“, afirmou o tucano.

Nos bastidores, os principais articuladores da oposição afirmam que um pedido de prisão preventiva de Lula sem “bases sólidas” seria, nesse momento, um desserviço.

Base aliada

O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), adjetivou o pedido de prisão preventiva do ex-presidente Lula como um “factóide político absolutamente patético”, e disse acreditar que os embasamentos apresentados pelo promotor Cássio Conserino, responsável pelas investigações ligadas ao tríplex, em Guarujá, são “frágeis”. Costa acredita que “qualquer juiz que tenha o mínimo de experiência e bom senso vai negar um pedido desse”.

“Lula não oferece nenhum risco à ordem pública, tem moradia em local certo, tem trabalho em local certo, e não há nenhuma prova contra ele. Ao invés de ajudar a combater a impunidade, isso gera mais tensão e conflito no momento que estamos vivendo”, acrescentou o senador.

Humberto questionou a atuação do MP-SP, e afirma que o órgão “deveria estar investigando os escândalos do metrô e da merenda”. “Não estão nem aí para isso”, criticou.

A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) usou sua página no Twitter para refutar o pedido. ”É uma vergonha a atitude deste promotor de São Paulo conta Lula. Atitude criminosa é a perseguição política que ele realiza contra o Presidente. Desfaçatez este pedido de prisão. Parece mais parte do roteiro do ato golpista do próximo domingo. Inaceitável”, declarou, fazendo menção às manifestações pró-impeachment que estão marcadas para o próximo domingo (13).

Em nota, o Instituto Lula pondera que o pedido feito pelo promotor paulista aconteceu antes mesmo de o Ministério Público de São Paulo ouvir o ex-presidente, e aponta para mais uma “prova da parcialidade” de Conserino.

Leia a íntegra:

O promotor paulista que antecipou sua decisão de denunciar Luiz Inácio Lula da Silva antes mesmo de ouvir o ex-presidente dá mais uma prova de sua parcialidade ao pedir a prisão preventiva de Lula. Cássio Conserino, que não é o promotor natural deste caso, possui documentos que provam que o ex-presidente Lula não é proprietário nem de triplex no Guarujá nem de sítio em Atibaia, e tampouco cometeu qualquer ilegalidade. Mesmo assim, solicita medida cautelar contra o ex-presidente em mais uma triste tentativa de usar seu cargo para fins políticos.

Assessoria de imprensa do Instituto Lula

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